terça-feira, 19 de junho de 2012

Nunca é tarde para aprender


 Vocês já pararam pra pensar na quantidade de coisas que deixamos de aprender por achar que é tarde demais?

Matemática, por exemplo, nunca aprendi. Sempre achei que já estava velha demais.  Na quinta série eu já achava que tinha passado da idade. E não é que eu não quisesse saber matemática, é que eu queria já ter nascido com ela “aprendida”. 

O fato é que eu sempre achei matemática uma coisa bonita. Sempre achei que as pessoas que sabiam matemática eram mais inteligentes que aquelas que sabiam ciências, por exemplo.  “Ah, mas matemática não é pra mim!”. Repeti essa frase da quinta série ao terceiro ano. E não é que eu acabei acreditando nela? 

Dia desses eu estava no banco e uma senhora me pediu ajuda para fazer um depósito.

- Filha, você faz pra mim?

- Faço. Mas a senhora não acha melhor aprender?

- Ah, mas eu não aprendo essas coisas não... Já passei da idade, minha filha.

- Vamos tentar? Até porque é perigoso ficar pedindo ajuda a estranhos.

Como nem eu e nem ela estávamos com pressa fizemos uma aula de banco. E ela aprendeu.  

- A senhora alguma vez já tinha tentado?

- É sempre o meu filho que faz essas coisas pra mim. Só numa necessidade que eu venho fazer sozinha...

- Pois é! Mas agora a senhora já sabe. Se esquecer, peça ajuda ao seu filho, mas não deixe que ele faça por você.

- É, né filha? Nunca é tarde pra aprender.

Nunca mesmo. Nem matemática, nem um monte de coisas.

Sempre tive vontade de fazer ballet, de ser bailarina. Nunca fiz quando criança. Talvez porque me achasse muito magra, talvez porque não tivesse nenhuma amiga que quisesse fazer comigo, talvez porque fosse longe de casa... e eu fui guardando essa vontade.

Hoje faço balé.  Simplesmente decidi. Dei meu primeiro demi plié depois de adulta. Claro que não tenho a intenção de ser a primeira bailarina de Bolshoi, mas já fico satisfeita só em ser bailarina; mesmo com todos dizendo: “Ballet? Mas nessa idade?”. 

E acho que acontece parecido com todo mundo. A gente tem mania de se achar velho demais. Vez ou outra a gente escuta frases como: “Acho lindo quem sabe dançar, pena que eu não sei”, “Queria muito saber falar inglês, pena que eu não aprendi”, “Sempre quis tocar violão, mas nunca fiz aula...”.

Parece que a gente tem medo de encarar as próprias vontades, né? E assim o tempo vai passando.

Mas saiba de uma coisa: seja uma dança, um instrumento musical, um idioma, um extrato no banco... Nunca é tarde para aprender. Só não aprende quem tá morto.

E quando eu for preencher a minha ficha no céu, quero logo ir dizendo: “São Pedro, anota aí: sou bailarina, toco piano, falo quatro línguas diferentes e sei matemática”.

Será que vai dar tempo? E você? Já sabe o que quer que São Pedro anote na sua ficha?

Corre que dá tempo!

Mari Lima 




2 comentários: