quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Ir à praia: um passeio provavelmente irritante

Feriado. Pensou em praia?

Eu não.

Porque a primeira coisa irritante de ir a praia é que você tem que ir feia básica. Tem que sair de cara lavada, havaianas e rabo de cavalo. Só Gisele Bundchen consegue ser bonita na praia.
Confesso que não aguento e sempre dou uma roubadinha. Passo uma base, um blush e um batonzinho de leve.

Aí o namorado pergunta com ar de estranhamento: “Amor, você passou maquiagem pra vir à praia?”
Eu: “Claro que não, né? É que eu nasci bonita mesmo".
Namorado: “Ah bom”.  

Eu pagaria excesso de bagagem se fosse à praia de avião. Protetor solar pro corpo, pro rosto, chapéu, hidratante pós sol, protetor solar pros cabelos, pente, toalha, roupa seca, óculos e uma boa dose de paciência. Praia é um lugar tão primitivo que a gente tem que levar a vida dentro de uma bolsa pra não acordar no outro dia com um câncer de pele e o rosto da Dercy Gonçalves.

A segunda coisa mini-irritante é o tal do sol. Eu sou fã da camada de ozônio! Eu amo a camada de ozônio! Porque raios tinham que destruir a coitada? Ela era tão boa pra gente...

E aí você senta na praia com uma louca que tira a roupa e se joga na areia pra se bronzear. Não suficientemente louca ela pergunta porquê você também não vai.

- Eu? Me bronzear? Pra quê?  (As pessoas que se bronzeiam normalmente não entendem essa pergunta)
- Pra ficar bronzeada, né?
- Mas eu gosto da minha cor.
- Mas é bonitinho uma marquinha...
- Porque é bonitinho ser de duas cores? Sempre fui de uma cor só e vivi muito bem até hoje.
- Então você nunca se bronzeia?
- Só quando eu fumo crack.

Outra coisa que me irrita são as pessoas extremas (extremamente feias e extremamente bonitas). As extremamente bonitas não esperam nem sair do carro e já vão arrancando a roupa. E o melhor de tudo é que elas tiram fotos com o mar no fundo e colocam no instagram com uma legenda do tipo: “Como Deus é maravilhoso”, “Que natureza bela”. Só que no fundo elas queriam escrever: “Diga que a minha perna tá grossa, minha barriga tá linda e curta a minha foto porque eu malhei muito”.

As extremamente feias me incomodam porque elas obrigam a gente a olhar pra bunda delas. E parece que quanto mais feia é a bunda da pessoa, mais ela passa aquela meleca daquele “cenoura e bronze”. E a bunda da pessoa que já era feia... começa a ficar laranja! Agora me diga: por que que uma bunda feia bronzeada é melhor que uma bunda feia branca? Bunda feia é bunda feia. Não adianta bronzear!

A última coisa extremamente irritante (talvez a mais irritante de todas) são aquelas pessoas super felizes jogando bola.  Juntam 50 homens feios exóticos e gordos fora de forma numa areia melequenta, sem delimitação de campo e o terror está formado. A qualquer momento você pode ser derrubada por eles ou pela bola. Minha vontade é de pegar a bola, jogar pra marte e dizer: “Pronto! Acabou a brincadeira! Vão brincar de outra coisa! Vão fazer castelinho de areia que é uma brincadeira muito mais civilizada!”.

Praia precisa ter um gerente! Dilma tem que nomear alguém pra colocar ordem nesse lugar. Como que as pessoas normais como eu vão poder usufruir desse espaço? Se onde eu passo tem uma bunda laranja, uma criança me melando de picolé caseiro de caicó, um peladeiro me derrubando, um sol me queimando?

Aí depois a chata sou eu.   

domingo, 26 de agosto de 2012

Aprendendo com francesas e cavalos



Não costumo folhear revistas quando vou ao salão, sempre prefiro conversar sobre “gayzises” com o cabeleireiro. Mas da última vez em que estive lá, uma capa me chamou atenção: “O segredo das mães francesas”.

A matéria falava sobre uma americana – Pamela Druckerman – e o seu livro “French children don’t throw food” (Crianças francesas não atiram comida). Tudo começou quando ela foi morar na França e passou a sentir vergonha do comportamento dos próprios filhos. Intrigada, ela passa a pesquisar as mulheres francesas e os que elas fazem para os seus filhos serem tão bem educados.

Falemos do Brasil.

Ninguém mais se espanta com criança dando mini-showzinho em supermercado, loja de brinquedo, restaurante... É rotina, é normal.

Só que não é.

O adulto esquece que quem manda é ele. Que ele é detentor do controle e ele dá a ultima palavra, doa a quem doer. Criança necessita de disciplina. Do verbo “necessitar” mesmo. Sem ela a criança sofre.

E criança não é besta, ela testa o adulto. Eu mesma já tive o meu dia de Ivete Sangalo aos 5 anos e dei showzinho no supermercado. Eu queria um chocolate e o meu pai disse que não. A partir daí eu comecei a fazer “escola de samba” – apelido que minha avó deu ao movimento simultâneo de pernas, braços e cabeça que eu fazia quando era contrariada – e a gritar. Meu pai, com sua inerente calma, pegou o chocolate e passou no caixa. Eu, achando que tinha sido mais esperta, fiquei com aquele sorriso de vencedora, conta ele. Chegando em casa, ele dividiu o chocolate entre quatro: ele, minha mãe e minha duas irmãs.

Resultado 1: meu pai foi adulto suficiente para ser mais esperto que eu.
Resultado 2: faz 20 anos que eu não dou showzinho no supermercado.

Mariana, e os cavalos?

Bom, o meu professor costuma dizer o seguinte: “Os cavalos são muito inteligentes e eles sempre vão testar você. O que você tem que fazer é pensar antes dele. Você manda. Não seja passiva. Encurte a rédea”.  

E é bem assim mesmo: se a gente deixa a rédea longa demais, dá margem pra eles fazerem o que quiserem. Inclusive nos derrubar. E com criança não é diferente. Pulso firme é essencial. E que fique claro que isso não tem nada a ver com palmada ou gritos, mas com olhar firme e tom de voz. O respeito que o próprio adulto se dá, é o que ele terá de volta da criança.

Cavalos e crianças: uma comparação infeliz. Mas comparei tá comparado. Longe de mim voltar atrás.

Gayzises: conversa sobre o que rola no mundo da moda, cabelo e maquiagem..

Mari Lima



domingo, 1 de julho de 2012

Diálogo entre amigas II: desilusão nominal


- Ai, amiga! Eu não tenho mesmo sorte com homem.

- O que houve dessa vez?

- Bom, tudo começou num barzinho. Ele chegou pra conversar comigo...

- Bonito ou feio?

- Semi-bonito.

- Burro ou inteligente?

- Pareceu inteligente. Você vai me deixar falar ou não?

- Tá.

- Uma conversa super legal... Tava tudo ótimo! Até aparecer um amigo dizendo: “Graaande Frankiel”. Desde o princípio que eu tinha entendido que o nome dele era “Gabriel”.

- Frankiel? Hahahahaha! Com “k” mesmo? Com “i” ou com “y”?

- Que diferença faz, Mariana? Com “k”, com “q”, “i”, “y”... de todo jeito é horrível! E é claro que eu não peguei a carteira dele pra olhar os documentos!

- Amiga, todo nome feio pode ser piorado com um “y” e uma letra dobrada! Acredite!

- Bom, eu só sei que depois dessa desilusão só me restou perguntar o porquê do nome Frankiel. Ele disse que o pai se chama Franklin e a mãe Muriel. Foi uma misturinha. E detalhe: os pais são separados. Eles se livraram um do outro, mas o coitado do menino vai ter que viver com essa junção pro resto da vida!

- Coitado! Já não tinham unido o espermatozoide ao óvulo? Bastava! Pra que raios tinham que inventar de unir os nomes?

- Eu só sei que fiquei totalmente desiludida e dei o número errado.

- Ah, mas você exagerou! Tudo bem que o nome é feio, mas dava pra ir ao cinema com ele, comer uma pizza e até andar de mãos dadas no shopping. Só não dava pra casar!

- Por que dava pra ir ao cinema, mas não dava pra casar?

- Imagine você naquela igreja repleta de lírios brancos, com um vestido caríssimo, um véu enorme... pra dizer: “Eu te recebo, Frankiel...” perante toda a igreja! E não pode apelidinho!!


- É mesmo! Minha vontade era de ir ao cartório com ele e dizer: “Moço, mude pra Gabriel”.

- Mas pelo visto ele gosta do nome, né? Porque poderia dizer “Frank” pra amenizar. Aí só depois que a pessoa tivesse apaixonada que ele deveria revelar o nome todo.

- Pois é, acho que ele deve gostar mesmo.

- Eu acho que o mínimo que uma pessoa de nome feio pode fazer é sentir vergonha do nome, né? Mas vai ver ele vai ser daquele tipo que vai imitar o mau gosto dos pais. Já até imagino o nome do filho de vocês: Frankiele se for menina e Danifran se for menino.

(pausa para o sinal da cruz)

 - Mainha disse que desse jeito eu vou morrer encalhada. Então quer dizer que os pais dele fazem parte da população com mau gosto e a culpa é minha?

- Não, amiga, você tem toda razão. Frankiel é de matar. Aguarde o próximo.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Nunca é tarde para aprender


 Vocês já pararam pra pensar na quantidade de coisas que deixamos de aprender por achar que é tarde demais?

Matemática, por exemplo, nunca aprendi. Sempre achei que já estava velha demais.  Na quinta série eu já achava que tinha passado da idade. E não é que eu não quisesse saber matemática, é que eu queria já ter nascido com ela “aprendida”. 

O fato é que eu sempre achei matemática uma coisa bonita. Sempre achei que as pessoas que sabiam matemática eram mais inteligentes que aquelas que sabiam ciências, por exemplo.  “Ah, mas matemática não é pra mim!”. Repeti essa frase da quinta série ao terceiro ano. E não é que eu acabei acreditando nela? 

Dia desses eu estava no banco e uma senhora me pediu ajuda para fazer um depósito.

- Filha, você faz pra mim?

- Faço. Mas a senhora não acha melhor aprender?

- Ah, mas eu não aprendo essas coisas não... Já passei da idade, minha filha.

- Vamos tentar? Até porque é perigoso ficar pedindo ajuda a estranhos.

Como nem eu e nem ela estávamos com pressa fizemos uma aula de banco. E ela aprendeu.  

- A senhora alguma vez já tinha tentado?

- É sempre o meu filho que faz essas coisas pra mim. Só numa necessidade que eu venho fazer sozinha...

- Pois é! Mas agora a senhora já sabe. Se esquecer, peça ajuda ao seu filho, mas não deixe que ele faça por você.

- É, né filha? Nunca é tarde pra aprender.

Nunca mesmo. Nem matemática, nem um monte de coisas.

Sempre tive vontade de fazer ballet, de ser bailarina. Nunca fiz quando criança. Talvez porque me achasse muito magra, talvez porque não tivesse nenhuma amiga que quisesse fazer comigo, talvez porque fosse longe de casa... e eu fui guardando essa vontade.

Hoje faço balé.  Simplesmente decidi. Dei meu primeiro demi plié depois de adulta. Claro que não tenho a intenção de ser a primeira bailarina de Bolshoi, mas já fico satisfeita só em ser bailarina; mesmo com todos dizendo: “Ballet? Mas nessa idade?”. 

E acho que acontece parecido com todo mundo. A gente tem mania de se achar velho demais. Vez ou outra a gente escuta frases como: “Acho lindo quem sabe dançar, pena que eu não sei”, “Queria muito saber falar inglês, pena que eu não aprendi”, “Sempre quis tocar violão, mas nunca fiz aula...”.

Parece que a gente tem medo de encarar as próprias vontades, né? E assim o tempo vai passando.

Mas saiba de uma coisa: seja uma dança, um instrumento musical, um idioma, um extrato no banco... Nunca é tarde para aprender. Só não aprende quem tá morto.

E quando eu for preencher a minha ficha no céu, quero logo ir dizendo: “São Pedro, anota aí: sou bailarina, toco piano, falo quatro línguas diferentes e sei matemática”.

Será que vai dar tempo? E você? Já sabe o que quer que São Pedro anote na sua ficha?

Corre que dá tempo!

Mari Lima 




terça-feira, 5 de junho de 2012

Diálogo entre amigas: relacionamento virtual


Eis que chega a mensagem de uma amiga no celular: “Preciso falar com você urgente”.

Mulher que é mulher não dispensa uma fofoca. Paro tudo o que estou fazendo e ligo.

- Oi! O que foi? Conta!

- Mari, sabe Joãozinho?

- Sei.

- Bom, ele mudou o status do face para “em um relacionamento sério”.

- Ah! Então vocês tão namorando?

- Essa é a questão urgente! Eu não sei!

- Como assim você não sabe?

- A gente não conversou especificamente sobre isso... tanto pode ser que ele esteja em um relacionamento sério comigo (sem que eu saiba), como pode ser que ele esteja namorando com outra pessoa...  Entende?

- Complexo.

- E agora? O que eu faço?

- Você tem duas opções, amiga:

A primeira é ligar e perguntar. Se ele estiver namorando com você, ele vai ficar chateadíssimo por você ter perguntado, já que você deveria saber, né? Mas se ele estiver namorando com outra pessoa, ele pode achar você meio bobinha por achar que estava namorando só por causa de umas saidinhas. Prepare-se!

- E a segunda?

- A segunda é deixar acontecer. Espera uma pessoa curiosa (essa pessoa existe na lista de amigos de todo mundo) perguntar com quem ele está namorando e aí a gente vê se ele vai dizer o seu nome ou não.

- Ai, que difícil! O que você faria?

- Eu escolheria a segunda opção. E se eu descobrisse que era comigo que ele estava namorando... já terminaria a relação pelo facebook mesmo. Homem que muda o status do facebook antes da mulher não merece respeito.

- É, né?

- É! Esse tipo de homem carente começa mudando o status do face, daqui a pouco ele tá mandando mensagens “txuqui- txuqui” abertas para todos os amigos e quando você menos espera... ele está lhe chamando de “vida”!

- Socorro!!

- Socorro mesmo! Descobre se a namorada é você e acaba logo com isso!

- Ai, Mari... Brigada! Que bom que você sempre tem uma solução plausível pra tudo.

- De nada, amiga. 

Mari Lima

sábado, 2 de junho de 2012

Festas Juninas pra quem não leu (texto já publicado em junho do ano passado)

A minha filosofia de vida é: eu não danço quadrilha. Primeiro que é chato e segundo que não faz sentido.

O cara da banda diz: “Escolham seus pares, nós vamos começar a quadrilha!”

Oi? Pra quê escolher o meu par se vocês vão ficar fazendo um sangê sem fim? Porque quadrilha é assim, a gente passa os primeiros dois segundos com o nosso par, depois passa pela mão de todos os homens da festa e quando a gente fica feliz que chegamos ao nosso par novamente... A quadrilha acaba! Agora me responda, isso faz sentido?

Sem falar que quadrilha é o tipo de “divertimento” para pessoas socialmente bem resolvidas. Para as envergonhadas é um tormento! A minha segunda filosofia de vida é: eu não danço com pessoas desconhecidas. Por quê? Primeiro que eu não sou obrigada e segundo que é constrangedor. Dançar com um desconhecido da festa, pra mim, é o mesmo que passar na rua, olhar pra qualquer homem e dizer: “E aí? Vamos fazer um balancê”?

Sem falar que a maior tensão da quadrilha é não saber com quem você vai fazer o próximo balancê. E é incrível como sempre, sempre mesmo, eu faço o balancê com o jogador de basquete, o Jô Soares, o velhinho sem ritmo...

E as comidas típicas? Tudo bem as pessoas gostarem de comida de milho. Mas precisa mesmo ser tudinho de milho? Imagina você, que adora queijo, chegar em um restaurante e o cardápio ser: bolinho de queijo, pastel de queijo, fondue de queijo, pão de queijo e cheesecake de sobremesa? Eu até gosto de comidas de milho, mas tradição também tem limite! Uma pizza no cardápio das festas juninas não iria mal.

Além da quadrilha e das comidas totalmente típicas, eu também mudaria algumas pequenas coisas. Como, por exemplo, gente que dança esquisito. O que me incomoda não é se o casal dança bem ou mal... É o nível de empolgação! Festa junina não é o extinto “Mini pagodeirinhos” do Raul Gil e nem a “Dança dos famosos” do Faustão. Contenham-se!

E os fogos? Alguém me explica a graça, a felicidade, o divertimento, a paixão, o amor de soltar fogos? Fogos promovem barulho, acidentes e matam cachorros de susto e tremelique. Nada mais.

E para concluir, eu também exterminaria das festas juninas as moçoilas que não sabem se vestir adequadamente. Não existe nada mais fácil na vida do que se vestir para uma festa de São João. São apenas três opções: roupa tipicamente junina, qualquer blusa ou vestido quadriculado ou roupa normal, já que ninguém é obrigado a entrar no clima da pamonha e da canjica.

Só que sempre tem uma menina que usa a única opção que não pode: a de matuta-prostituta. Nada contra as prostitutas, mas vestir uma saia quase mostrando a calcinha, com uma meia arrastão e um corcelet estufando os peitos, não é matutisse, é festa à fantasia e a pessoa escolheu ir de coelhinha da playboy.

Por essas e outras que festas juninas sem quadrilha, fogos, gente que dança esquisito, comidas totalmente típicas e gente que se veste inadequadamente, seriam ótimas festas. Eu iria para elas todos os finais de semana, caso existissem.

Mari Lima

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O problema é não beber


A vida é mesmo muito estranha e eu tenho um problema seríssimo: não bebo.

Cena 1 – a pergunta:

Chego no barzinho e me sento. A primeira pergunta nunca é “Oi, tudo bem? Como vai?”. É sempre assim:

- Você bebe o quê?

Para essa pergunta você já tira duas conclusões: a primeira é que você tem que beber alguma bebida alcoólica e a segunda é que a pessoa (normalmente a namorada desconhecida do amigo do seu namorado) quer combinar a bebida com você.

A caipifruta vem num copo, não numa jarra! Pra quê que ela quer combinar a bebida comigo? Porque ela não escolhe o que ela quer e pronto? (Meu namorado diz que isso se chama educação, e que a namorada-desconhecida-do-amigo-dele estava apenas querendo ser gentil. Homens! Vai entender!).

Cena 2 – a resposta:

- Ah, eu não bebo, obrigada. Pode escolher o que você quer.

Cena 3 – um minuto de silêncio.

Cena 4 – a pergunta-espanto:

- Não bebe? Mas não bebe porquê?
- Não gosto do gosto.
- Mas não bebe nada nada nada?
- Não, porque tudo tudo tudo tem gosto de álcool.

Esse é momento em que eu penso que a pessoa se contentou e pulo para a parte do menu onde tem as comidinhas gostosas e sobremesas.

Meu namorado tem um pouco de vergonha de mim nos barzinhos, porque, normalmente, eu peço aquilo que ninguém pede.

- Moço, tem sorvete de quê?
- Hã??
- Sorvete. Tem de quê?
- É que no momento a gente tá sem sorvete, moça...
- Ah! Então trás uma cheesecake.

- Amor, a cheesecake tá ruim.
- Claro! Só podia tá ruim! Deve ter sido a primeira cheesecake que eles fizerem na vida! Peça uma coisa normal! 

Aí você deve estar pensando que eu comi, tomei refrigerante e consegui ser feliz no barzinho, certo? Errado. As pessoas nunca se conformam com o fato de você não beber.

As pessoas acham que você não bebe por algum trauma, e elas vão tentar descobrir qual é. Mulher adora saber de uma tragédia!

- Mariana, mas assim, você não bebe sóóóó por causa do gosto mesmo? (Elas esperam que você ache cerveja uma delícia, mas que não beba porque o seu pai é alcoólatra, bate na sua mãe quando bebe e está internado para se livrar do vício, além ter de perdido o emprego e todo o dinheiro da família).

- É! Eu não gosto do gosto. Acho ruim! Prefiro refrigerante, suco...

- Sei... (Esse é o momento em que ela acha que você é daquele tipo de evangélica-xiita que não depila nem as pernas)

Pois é! Mas o que é chato pode piorar! Experimente ir do barzinho para uma boate!

- Mariana! Ainda não tá bebendo nada?! Peraí que eu vou encher um copo pra você! (como se eu não tivesse mão)

- Não quero... Obrigada! Já disse que tô bem!

- Um pouquinho só pra se animar!

- Mas eu tô animada!

O fato é que as pessoas que estão bebendo passam mais tempo enchendo os seus copos do que dançando. Nunca precisei de bebida pra gostar de dançar. Danço “a mulher maravilha e o superman” no mais alto grau de “desinibição” e sem uma gota de álcool. Saio da boate ainda bonita, feliz e dirigindo.

Nada contra quem gosta de bebida alcoólica, quem bebe dentro dos seus limites ou até quem bebe pra dar vexame... cada qual faz o que quer com o seu fígado.

Estou longe de ser careta, não bebo porque não gosto. Mas, de agora em diante, para evitar futuras chateações, levarei um atestado de felicidade. Se você também não bebe e é feliz assim, imprima um pra você também.

Declaração

A UNIAD - Unidade de Pesquisas em álcool e drogas - declara para os devidos fins que Mariana Lima é feliz, dança e canta sem estar sob o efeito de bebidas alcoólicas ou outras drogas. Não encham o saco dela.

Não beber agora é crime? O mundo está mesmo de cabeça para baixo ou fui eu que bebi de menos? 

Mari Lima

terça-feira, 15 de maio de 2012

Indique um livro

Livro - Castelo de Vidro, O 

“Filha, a gente não tem dinheiro para o presente, mas escolhe uma estrela no céu, e fica com ela pra toda a vida.” Todo mundo pode dar uma segunda chance à vida. Em suas memórias, a jornalista e escritora Jeannette Walls nos mostra, sem pieguices e respostas fáceis, que tudo na vida é mesmo relativo, que as adversidades podem ser vividas com leveza, somando aprendizado e grandeza às nossas biografias.

 





sexta-feira, 11 de maio de 2012

Profissão: mãe e dona de casa


Eu e minha mãe rimos muito assistindo ao programa de Ana Maria Braga hoje pela manhã. Era uma conversa entre três mulheres: a primeira havia optado por não ter filhos, a segunda conciliava a vida de mãe com a de profissional e a terceira era mãe e dona de casa.

Rimos da terceira.

Ela trabalhava, mas largou o emprego logo que teve seu primeiro filho. Opção dela. Ana Maria perguntou do que ela sentia falta após ter feito essa escolha.

“Ah... a falta de repertório. Eu só converso com o meu marido sobre coisas de criança, sobre a rotina, sobre o que aconteceu durante o dia...”

Depois dessa declaração todas chegaram a seguinte conclusão: ficar com os filhos em casa é bom, mas a gente não tem sobre o que conversar com as pessoas.

Eu fiquei abismada. Minha mãe mais ainda, claro. Não pela resposta da entrevistada (porque ela pode ser burra o quanto ela quiser), mas pelo consenso absurdo que Ana Maria Braga gerou ao dizer que donas de casa não tem repertório.

Sinto dizer, Ana Maria, mas você não conhece a minha mãe e tantas outras donas de casa que tem mais “repertório” do que você (o que, aliás, não é muito difícil).

Minha mãe nunca trabalhou fora de casa, mas a gente tem televisão. Minha mãe nunca trabalhou fora de casa, mas lê jornal. Minha mãe nunca trabalhou fora de casa, mas sabe muito mais sobre futebol e política do que muita executiva por aí. Não existe mesa de amigos em que a minha mãe não saiba conversar (e com propriedade sobre uma diversidade de assuntos).

Algumas mulheres optam por não ter filhos, outras optam por ter filhos e se dividirem entre eles e o trabalho, outras preferem doar todo o seu tempo aos filhos. Tudo é uma questão de opção. E de vocação também!

Veja bem:

A nossa rotina de criança era mais ou menos assim: minha mãe nos deixava no colégio, depois buscava. Em alguns dias tinha inglês, em outros tinha natação. A noite era voltada para as tarefas e sempre podíamos contar com ela para tirar qualquer dúvida, pois ela sempre estava por perto. Não existia reunião de pais em que ela não fosse a primeira a chegar e até nas festas de São João ela ajudava as professoras nas barraquinhas de milho. Nossa farda estava sempre limpa e impecável e nossos livros muito bem encapados e etiquetados. Não existia recadinho na agenda que a minha mãe não visse e nem almoço que não estivesse gostoso.

A verdade é óbvia e lógica: nem toda mulher tem vocação para ser médica, advogada, professora, dentista, enfermeira, dona de casa, etc. A gente escolhe aquilo que, dentre todas as opções, se parece mais com a gente.

Eu posso gostar de arrumar minha casa e fazer almoço? Posso. Posso gostar de passar o dia cuidando dos meus filhos e testando novas receitas? Posso. Posso gostar de decorar a minha casa e pensar em cada detalhe para deixá-la mais bonita? Posso.

Posso gostar de passar pano na casa e ainda assim ser inteligente, bonita e interessante? Claro que posso!

A única coisa que eu não posso é querer ser inteligente e assistir a um programa onde a apresentadora conversa com um papagaio.

Ps: Mainha, você é a dona de casa mais linda do mundo e eu tenho muito orgulho de ser sua filha! Feliz dia das mães!

Mari Lima