domingo, 27 de novembro de 2011

Já é Natal!

Vem chegando dezembro!  As casas enfeitadinhas, as guirlandas nas portas, os papais-noéis dançantes, o espírito de amor ao próximo e... as caixinhas de Natal!

E se tem uma coisa nesse mundo que eu não compreendo são as tais das caixinhas de Natal. 

Pessoas de todos os estabelecimentos enrolam uma caixa de sapato com papel de presente, escrevem o nome “caixinha de Natal” e esperam ganhar dinheiro com isso.

Chego no caixa da farmácia:

- Quer deixar o troco para contribuir com a nossa caixinha de Natal?
- Oi?
- A nossa caixinha de Natal (e aponta pra caixinha enfeitada). Quer contribuir?
- Porquê?
- É pra nossa confraternização de Natal.
- Não, obrigada.

Minha vontade era de fazer apenas quatro perguntas:

- Vocês não recebem salário?

- Porque eu deixaria o troco do meu remédio pra você se divertir com os seus amigos (que aliás eu nem conheço) no final do ano?

- Vocês passam fome?

- Você quer contribuir com o meu vestido do final do ano? Eu ainda não comprei.

Não é que eu seja intolerante (rs), mas é que a gente contribui com quem precisa, né? Com quem não tem condições de ter uma mínima ceia na noite de Natal, não com a cana de final de ano do pessoal da farmácia, da livraria, da lanchonete...

Tanta gente ganha pouco... Mas o fato de ganhar um salário mínimo não lhe dá o direito de sair por aí pedindo dinheiro a toda pessoa que entra na sua loja. Tenha compostura!

Ps: Embalei uma caixinha linda e coloquei na calçada da minha casa: “Sou professora, ganho pouco, quero comprar um vestido de Natal caro e você tem tudo a ver com isso. Contribua com a minha caixinha de Natal! Obrigada!”

Mari Lima


domingo, 13 de novembro de 2011

“Cantigas de ninar” ou “Cantigas que Júlia não ouvirá”

Vou ganhar uma sobrinha! (pausa para os fogos de artifício)

E por se tratar de uma família sem crianças, todos enlouquecem a espera de Júlia.

Hoje, por acaso, estávamos conversando sobre cantigas de criança. E muito me impressiona saber que as pessoas que estavam por trás das letras dessas canções não estão presas.

Analisemos:

“Samba-lelê tá doente, tá com a cabeça quebrada, samba-lelê precisava é de uma boa palmada! Samba, samba, samba, ô lelê! Quebra, quebra, quebra, ô lalá!”

Choquei. Do que se trata essa música, gente? A pessoa nasce e a mãe a registra com o nome de Samba-lelê.

Samba-lelê, que nem nome de gente tem, quebra a cabeça! E o que fazem com ela? Levam para o hospital? Não! Dão uma palmada! Afinal de contas, é isso que as pessoas com a cabeça quebrada merecem. E como se não bastasse... Mandam a Samba-lelê sambar! A coitada que já estava com cabeça quebrada e já tinha apanhado, agora tem que sambar!

Vejamos outra:

“O cravo brigou com a rosa, debaixo de uma sacada, o cravo saiu ferido e a rosa despedaçada. O cravo ficou doente, a rosa foi visitar, o cravo teve um desmaio e a rosa pôs-se a chorar.”

E a lei Maria da penha? O cravo saiu apenas ferido, mas a rosa saiu despedaçada!

E no lugar de a rosa ir pra delegacia da mulher denunciar que o cravo bateu nela, ela vai visitar o cravo no hospital! E o cravo, que não é besta nem nada, simula um desmaio, e a idiota da rosa ainda se põe a chorar!

E a do soldadinho?!

“Marcha soldado, cabeça de papel. Quem não marchar direito, vai preso pro quartel. O quartel pego fogo, a policia deu sinal. Acode,acode,acode a bandeira nacional.”

Oi? Os soldadinhos estão marchando na maior pressão, com medo de marchar errado e ficarem presos no quartel... Aí o quartel pega fogo e a polícia dá o sinal!

O sinal para os bombeiros irem salvar os soldados? Claro que não! Para salvarem a bandeira nacional! Os soldados que morram!

Fora que os soldadinhos não tinham um chapéu decente, eram todos de papel! Eu fico imaginando o desespero dos soldadinhos com as cabeças pegando fogo, enquanto os bombeiros salvavam a bandeira, que é de pano.

E como eu poderia deixar de fora a mais clássica de todas?

“Atirei o pau no gato-to, mas o gato-to não morreu-reu-reu. Dona Chica-ca admirou-se-se, com o berro, com o berro que o gato deu! Miau!”

A criança sádica atira o pau no gato esperando que ele morra. Ele não morre. E a Dona Chica, essa velha inútil, no lugar de educar a criança, fica apenas admirada com o berro que o gato deu!

Além de inútil é burra, né? Queria o quê? Que o gato levasse uma paulada e fosse ronronar na perna dela? Morte lenta à Dona Chica!

Bom, depois de ouvir todas essas músicas assustadoras durante o dia, que tal uma pra dormir?

“Nana, neném, que a Cuca vem pegar, papai tá na roça e mamãe foi trabalhar”

Primeiro ela desmerece totalmente o trabalho do pai da criança, que não foi trabalhar, foi apenas passar um tempo na roça. E depois, quem vai dormir sabendo que a cuca vem pegar? Se a cuca vem pegar e papai e mamãe não estão em casa para me defender, como eu vou conseguir dormir?!

São músicas cruéis e assustadoras até para adultos, imagine então para as crianças!

Júlia definitivamente não escutará essas músicas.

Pior que isso, só Xuxa e Patatí Patatá! 
                                                                                          
Mari Lima
                                                                                                      Segue aí! @marinlima