terça-feira, 23 de julho de 2013

Mãe ama infinito

É. Eu tô nostálgica.

Eu não sei sobre a família de vocês - aliás, eu sei um pouco sim. Toda família tem um pouco de amor, um pouco de loucura e alguma tristeza – mas na minha família, as mães tem mania de perseguição: minha mãe, minha tia, minha avó e agora também a minha irmã, que entrou pro time das mães enlouquecidas, acham que nós as culpamos por tudo!

É porque a gente pega aquele álbum antigo cheio de poeira, que fica embaixo do centro da sala ou no maleiro do guarda-roupa, e encontra o quê? Você e suas irmãs com um modelito deveras duvidoso que a sua mãe juuura que era moda! Aí você pesquisa toda a história da moda, desde 1900, e não encontra nada parecido.

Aí a gente cresce e começa a namorar. Se o namorado é estiloso, a mãe diz que é maconheiro-vagabundo-sem-futuro, e se for muito certinho, é porque é sonso e quer lhe engravidar. Aí quando o namoro não dá certo a gente culpa a mãe, que sabia que ele era maconheiro-vagabundo-sem-futuro, e mesmo assim deixou a gente engravidar. E se a mãe proíbe o namoro a gente passa o resto da vida pensando que ela nos privou do amor da nossa vida.

De um jeito ou de outro, a culpa é sempre da mãe. Mãe erra mesmo. Fazer o quê? Ser mãe é um emprego pra vida toda e sem direito a aposentadoria. Imagina a quantidade de erros que você cometeria em 20, 30, 40 anos de profissão? A diferença é que mãe, independente dos erros, é sempre perfeita, com direito a foto de funcionária do mês e tudo.

A gente tem escola pra educar, pai pra dar bronca, avó pra mimar e todo o resto da família pra nos ensinar coisas boas, mas aprender a ser gente mesmo... isso a gente aprende com a mãe.

Mãe é aquela que diz pra gente não aceitar o brigadeiro na primeira vez que oferecem (mesmo que a gente esteja morrendo de vontade). Mãe é aquela que mata só com um olhar quando a gente esquece de dizer “obrigada”, “com licença” ou “por favor”. Mãe é aquela que diz que a gente vai morrer, se a gente provar algum tipo de droga. Mãe é aquela que grita na beira da praia dizendo que a gente tá muito no fundo. Mãe é aquela que mata a gente de vergonha quando liga pra todas as vizinhas pra dizer que a gente “virou moça”. É. Mãe mata a gente de vergonha! E de muito amor também.

Algumas já se foram, outras não. Algumas estão velhinhas precisando do nosso cuidado, outras não. Algumas estão pertinho fazendo almoço e outros miminhos, já algumas estão longe e bem guardadinhas no coração. Essa última é a minha. 

E não importa a distância ou o que o destino nos reserve... Mãe ama em círculos. Mãe tem amor infinito.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Saudade

s.f. Recordação suave e melancólica de pessoa ausente, local ou coisa distante, que se deseja voltar a ver ou possuir. / Nostalgia. / 
6 meses morando nos Estados Unidos. Dizem que quando a gente fala da saudade ela diminui. Verdade ou não, não sou do tipo que guarda sentimentos.

Como anda minha Natal? Saudade da noite natalense, quando, na maioria das vezes, não tinha nada pra fazer. E aí você ligava pros seus amigos e ia pra onde? Pra um barzinho! Lógico! Jogar conversa fora e rir alto. Rir alto me faz falta! As pessoas falam que brasileiro é barulhento, eu falo que a gente é feliz!

Às vezes bate uma vontade de ter os amigos do lado quando eu tenho uma piada ótima, mas eu sei que ninguém aqui vai entender. E é por isso que, aqui, meu celular é mais importante do que nunca. Porque ele não é só um celular, é uma caixinha onde eu guardo todos os meus verdadeiros amigos: os que acham graça nas mesmas coisas que eu. Aqueles que enchem o meu coração de alegria.  

Saudade de comer comida boa. Feijão verde, macaxeira, churrasco... de ter tapioca no café da manhã e toddynho na geladeira. De jantar no Pinga fogo no domingo a noite só pra fugir de Faustão e reclamar que o sushi tá cada dia mais caro.

Saudade de ligar o som do carro e me divertir com as músicas falando de chifre, rapariga, carro e dinheiro, e de não ser aquela pessoa que fala “pobrema” e “menas”. Saudade de ser gramaticalmente correta.

Saudade de ser cidadã e não só mais uma estrangeira. Logo eu, que sou a pessoa mais envergonhada do mundo, tenho vontade de falar com brasileiros quando os encontro na rua. Só pra falar português, só pra saber da história deles, só pra dizer “eu também sinto muita falta do Brasil”.

E é por isso que eu tô sempre falando do Brasil. Das coisas boas e também das ruins, claro.  Já tá na hora das pessoas aprenderem que Brasil não é só mulher nua, que carnaval são só quatro dias no ano e que ninguém mora na Sapucaí. A gente trabalha e a gente também tem o que fazer.

É tudo tão diferente. Só os cachorros que não mudam. Não importa a língua, eles serão sempre as coisas mais fofas que Deus já criou. De português a catalão... eles não só lhe entendem, como também lhe amam e lhe respeitam pelo que você é.

Porque não importa quantas línguas a gente fale, nada é melhor do que se sentir em casa, no aconchego dos nossos. Mas a vida é mesmo muito imprevisível e eu acho que o que Deus quer mesmo é que a gente encontre a felicidade, onde quer que a gente esteja.
Ps: Mainha, Painho, Renata, Júlia, Paula, Tia Pipipa, Tia Bá, Pati, Victor, Amanda e vovó, vocês são tudo pra mim.

sf Remembrance soft and melancholy missing person, local or distant thing, you want to see again or possess. / Homesick. /

Six months living in the United States. People say that when we talk about missing it slows down. True or not, I'm not the type of person who keeps feelings to myself.

How is my city? I miss the nightlife in Natal when in most cases had nothing to do. Then you call your friends and where you go? To a bar, of course! Chilling and laughing out loud. I miss laughing out loud! People say that Brazilians are noisy, I say we are happy!

Sometimes I wish I had my friends by my side when I have a great joke, but I know no one here will understand. And that is why here my cell phone is more important than ever. Because it's not just a phone, is a box where I keep all my true friends who have fun with the same things I do. Those who fill my heart with joy.

I miss eating good food. Green beans, macaxeira, barbecue ... having tapioca for breakfast and Toddynho in the fridge. Having dinner at Pinga Fogo on Sunday night just to get away from Faustão  and say that the sushi are increasingly expensive.

I miss turning on the radio and have fun with the songs about hookers, cars and money and I also miss don’t be that person who says "more small" and "more tall". I miss being grammatically correct.

I miss being a citizen and not just another foreigner. Even me, the shyer person in the world, I want to speak to Brazilians when I meet them somewhere. Just to speak portuguese, just to know the history of them, just to say "I really miss Brazil too".

And that's why I'm always talking about Brazil. The good things and the bad things too, of course.  It's time for people to learn that Brazil is not only naked woman, that Carnival is only four days in the year and that no one lives at Sapucaí. We work and we also have stuff to do.

It's all so different. Only the dogs are the same. No matter the language, they will always be the cutest things God has created. From Portuguese to Catalan ... they will not only understand, but also love you and respect you for who you are.

Because no matter how many languages ​​we speak, nothing is better than feeling at home in the comfort of our own. But life is really unpredictable and I think that God wants us to find happiness, wherever we are.

Ps: Mainha, Painho, Renata, Julia, Paula, Tia Pipipa, Tia Bá, Pati, Victor, Amanda and vovó, you guys are my everything.