quinta-feira, 17 de maio de 2012

O problema é não beber


A vida é mesmo muito estranha e eu tenho um problema seríssimo: não bebo.

Cena 1 – a pergunta:

Chego no barzinho e me sento. A primeira pergunta nunca é “Oi, tudo bem? Como vai?”. É sempre assim:

- Você bebe o quê?

Para essa pergunta você já tira duas conclusões: a primeira é que você tem que beber alguma bebida alcoólica e a segunda é que a pessoa (normalmente a namorada desconhecida do amigo do seu namorado) quer combinar a bebida com você.

A caipifruta vem num copo, não numa jarra! Pra quê que ela quer combinar a bebida comigo? Porque ela não escolhe o que ela quer e pronto? (Meu namorado diz que isso se chama educação, e que a namorada-desconhecida-do-amigo-dele estava apenas querendo ser gentil. Homens! Vai entender!).

Cena 2 – a resposta:

- Ah, eu não bebo, obrigada. Pode escolher o que você quer.

Cena 3 – um minuto de silêncio.

Cena 4 – a pergunta-espanto:

- Não bebe? Mas não bebe porquê?
- Não gosto do gosto.
- Mas não bebe nada nada nada?
- Não, porque tudo tudo tudo tem gosto de álcool.

Esse é momento em que eu penso que a pessoa se contentou e pulo para a parte do menu onde tem as comidinhas gostosas e sobremesas.

Meu namorado tem um pouco de vergonha de mim nos barzinhos, porque, normalmente, eu peço aquilo que ninguém pede.

- Moço, tem sorvete de quê?
- Hã??
- Sorvete. Tem de quê?
- É que no momento a gente tá sem sorvete, moça...
- Ah! Então trás uma cheesecake.

- Amor, a cheesecake tá ruim.
- Claro! Só podia tá ruim! Deve ter sido a primeira cheesecake que eles fizerem na vida! Peça uma coisa normal! 

Aí você deve estar pensando que eu comi, tomei refrigerante e consegui ser feliz no barzinho, certo? Errado. As pessoas nunca se conformam com o fato de você não beber.

As pessoas acham que você não bebe por algum trauma, e elas vão tentar descobrir qual é. Mulher adora saber de uma tragédia!

- Mariana, mas assim, você não bebe sóóóó por causa do gosto mesmo? (Elas esperam que você ache cerveja uma delícia, mas que não beba porque o seu pai é alcoólatra, bate na sua mãe quando bebe e está internado para se livrar do vício, além ter de perdido o emprego e todo o dinheiro da família).

- É! Eu não gosto do gosto. Acho ruim! Prefiro refrigerante, suco...

- Sei... (Esse é o momento em que ela acha que você é daquele tipo de evangélica-xiita que não depila nem as pernas)

Pois é! Mas o que é chato pode piorar! Experimente ir do barzinho para uma boate!

- Mariana! Ainda não tá bebendo nada?! Peraí que eu vou encher um copo pra você! (como se eu não tivesse mão)

- Não quero... Obrigada! Já disse que tô bem!

- Um pouquinho só pra se animar!

- Mas eu tô animada!

O fato é que as pessoas que estão bebendo passam mais tempo enchendo os seus copos do que dançando. Nunca precisei de bebida pra gostar de dançar. Danço “a mulher maravilha e o superman” no mais alto grau de “desinibição” e sem uma gota de álcool. Saio da boate ainda bonita, feliz e dirigindo.

Nada contra quem gosta de bebida alcoólica, quem bebe dentro dos seus limites ou até quem bebe pra dar vexame... cada qual faz o que quer com o seu fígado.

Estou longe de ser careta, não bebo porque não gosto. Mas, de agora em diante, para evitar futuras chateações, levarei um atestado de felicidade. Se você também não bebe e é feliz assim, imprima um pra você também.

Declaração

A UNIAD - Unidade de Pesquisas em álcool e drogas - declara para os devidos fins que Mariana Lima é feliz, dança e canta sem estar sob o efeito de bebidas alcoólicas ou outras drogas. Não encham o saco dela.

Não beber agora é crime? O mundo está mesmo de cabeça para baixo ou fui eu que bebi de menos? 

Mari Lima

terça-feira, 15 de maio de 2012

Indique um livro

Livro - Castelo de Vidro, O 

“Filha, a gente não tem dinheiro para o presente, mas escolhe uma estrela no céu, e fica com ela pra toda a vida.” Todo mundo pode dar uma segunda chance à vida. Em suas memórias, a jornalista e escritora Jeannette Walls nos mostra, sem pieguices e respostas fáceis, que tudo na vida é mesmo relativo, que as adversidades podem ser vividas com leveza, somando aprendizado e grandeza às nossas biografias.

 





sexta-feira, 11 de maio de 2012

Profissão: mãe e dona de casa


Eu e minha mãe rimos muito assistindo ao programa de Ana Maria Braga hoje pela manhã. Era uma conversa entre três mulheres: a primeira havia optado por não ter filhos, a segunda conciliava a vida de mãe com a de profissional e a terceira era mãe e dona de casa.

Rimos da terceira.

Ela trabalhava, mas largou o emprego logo que teve seu primeiro filho. Opção dela. Ana Maria perguntou do que ela sentia falta após ter feito essa escolha.

“Ah... a falta de repertório. Eu só converso com o meu marido sobre coisas de criança, sobre a rotina, sobre o que aconteceu durante o dia...”

Depois dessa declaração todas chegaram a seguinte conclusão: ficar com os filhos em casa é bom, mas a gente não tem sobre o que conversar com as pessoas.

Eu fiquei abismada. Minha mãe mais ainda, claro. Não pela resposta da entrevistada (porque ela pode ser burra o quanto ela quiser), mas pelo consenso absurdo que Ana Maria Braga gerou ao dizer que donas de casa não tem repertório.

Sinto dizer, Ana Maria, mas você não conhece a minha mãe e tantas outras donas de casa que tem mais “repertório” do que você (o que, aliás, não é muito difícil).

Minha mãe nunca trabalhou fora de casa, mas a gente tem televisão. Minha mãe nunca trabalhou fora de casa, mas lê jornal. Minha mãe nunca trabalhou fora de casa, mas sabe muito mais sobre futebol e política do que muita executiva por aí. Não existe mesa de amigos em que a minha mãe não saiba conversar (e com propriedade sobre uma diversidade de assuntos).

Algumas mulheres optam por não ter filhos, outras optam por ter filhos e se dividirem entre eles e o trabalho, outras preferem doar todo o seu tempo aos filhos. Tudo é uma questão de opção. E de vocação também!

Veja bem:

A nossa rotina de criança era mais ou menos assim: minha mãe nos deixava no colégio, depois buscava. Em alguns dias tinha inglês, em outros tinha natação. A noite era voltada para as tarefas e sempre podíamos contar com ela para tirar qualquer dúvida, pois ela sempre estava por perto. Não existia reunião de pais em que ela não fosse a primeira a chegar e até nas festas de São João ela ajudava as professoras nas barraquinhas de milho. Nossa farda estava sempre limpa e impecável e nossos livros muito bem encapados e etiquetados. Não existia recadinho na agenda que a minha mãe não visse e nem almoço que não estivesse gostoso.

A verdade é óbvia e lógica: nem toda mulher tem vocação para ser médica, advogada, professora, dentista, enfermeira, dona de casa, etc. A gente escolhe aquilo que, dentre todas as opções, se parece mais com a gente.

Eu posso gostar de arrumar minha casa e fazer almoço? Posso. Posso gostar de passar o dia cuidando dos meus filhos e testando novas receitas? Posso. Posso gostar de decorar a minha casa e pensar em cada detalhe para deixá-la mais bonita? Posso.

Posso gostar de passar pano na casa e ainda assim ser inteligente, bonita e interessante? Claro que posso!

A única coisa que eu não posso é querer ser inteligente e assistir a um programa onde a apresentadora conversa com um papagaio.

Ps: Mainha, você é a dona de casa mais linda do mundo e eu tenho muito orgulho de ser sua filha! Feliz dia das mães!

Mari Lima