segunda-feira, 30 de maio de 2011

O blog não será atualizado até o meio dessa semana. Não vai ter como mesmo...

Beijos,

Mari.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Doença contagiosa: infelicidade

Esse texto de hoje é pra você, que segue as tendências. Sabe qual a mais nova moda? Ter problemas. Calma, não basta ter só um. Tem que ter, pelo menos, quatro: problemas com a família, problemas com o trabalho, problemas amorosos e problemas financeiros.

Sentiu o drama?

Vocês não me conhecem, mas posso lhes afirmar, com toda certeza, que todas as pessoas próximas a mim são felizes. Porque felicidade contagia! E eu adoro a felicidade!

E da mesma forma que a felicidade, o oposto, a infelicidade, é ainda mais contagiosa. É uma doença gravíssima, daquelas difíceis de curar.

O maior pesadelo da minha vida é quando eu encontro, por acaso (sim, porque eu jamais marcaria um encontro com essa pessoa), uma pessoa infeliz.

- Oi, Infelícia! Quanto tempo! Tudo bem?

- É... né... Tudo indo. E você?

(Como eu sei que ela é uma pessoa infeliz, eu já vou me despedindo. Mas as pessoas infelizes têm um segundo e chatíssimo problema: elas necessitam falar da infelicidade delas).

- Eu tô ótima! Agora eu vou indo que eu tô um pouco atrasada...

- Peraí! Te contei que eu perdi o emprego? Tô passando tanta necessidade, menina! Aí pra piorar, fulaninho terminou comigo e começou a namorar minha melhor amiga. E pra piorar ainda mais, meu pai me odeia, minha mãe é louca e eu quero fugir de casa! E quando eu saio de casa que penso que vou ter paz, o pessoal do trabalho me enlouquece! Agora não mais, né? Porque fui mandada embora! Mas é isso aí... A vida é assim mesmo, mas a gente continua na luta, né?

Problemas fazem parte da vida. Quer dizer, não da minha. Nesses vinte e quatro anos de vida eu nunca me deparei com um grande problema. Mas, acredito, é claro, que existam pessoas que os tenham.

Mas será mesmo que as pessoas têm a quantidade de problemas que dizem ter? Dificilmente (ou elas são muito azaradas).

Há pessoas que fazem da infelicidade um hobby. Elas vivem disso: de dizer que sofrem, que tem problemas, que são vitimas disso, daquilo e daquilo outro. No entanto, botar a boca no trombone e contagiar a todos com esse pessimismo, não vai resolvê-los.

O dinheiro tá pouco? Não gaste o seu tempo reclamando, gaste agindo. O que você deseja para a sua vida? Trace um plano e mãos à obra. Enquanto não alcança tudo aquilo que gostaria, mantenha a felicidade naquilo que você já possui.

O marido tá ruim? Separa, minha filha! Vai ficar se desgastando com um homem que não presta? A felicidade também se encontra na solteirice!

Sua família não presta? Não tente consertá-los. Você não vai conseguir. O melhor a fazer é buscar bons amigos. (mas se não existe um único ser na sua família que lhe agrade, meu bem, talvez o problema seja você).

Seu trabalho é ruim? Mude! Faça o que gosta de fazer. Nunca é tarde para mudar de profissão.

Deixe de ser pessimista, cabisbaixo, chato, desagradável! Se o seu número de amigos, ao longo do tempo, vem diminuindo, sinal que tem algo errado! Multiplique felicidade, não problemas!

Lidar com eles com calma e um sorriso no rosto é sempre a melhor opção. Não consegue? Não quer? Respeito. Opção sua.

Mas, por favor, respeite também o fato de eu não querer ser sua amiga. Eu não tenho que tolerar você falando sem parar sobre o seu sofrimento. Respeite, também, o fato de eu fingir que não lhe vi, por acaso, em algum lugar.

Sou feliz. Não quero me contagiar com a sua doença. Obrigada. 

Ps: Eu não quis dizer que vou ignorar todas as pessoas que me falam sobre algum problema. Me refiro àquelas que SÓ falam de problemas e enchem o nosso saco. 

Mari Lima

domingo, 22 de maio de 2011

O lado bom das músicas ruins



O lado bom das músicas ruins

Para iniciar esse texto, é necessário explicar o que vem a ser uma música ruim. Gosto é gosto, e quanto a isso não vamos discutir. Entretanto, músicas boas são músicas boas e músicas ruins são músicas ruins. O que existe é o gosto de cada um, não de qual lado estão encaixadas as músicas (bom ou ruim). Ou seja, você pode gostar de qualquer música, mas não é o fato de você gostar que essa música se transformará em boa.

Façamos um teste com duas músicas que falam sobre amor.

Música 1: “De chocolate nosso amor é feito, então não tem jeito, gruda em mim. Isso não é só confete, me abraça, enlouquece, meu vício sem fim” (Chocolate – Luan Santana )

Música 2: Quando você sambou na roda, fiquei afim de te namorar. O amor tem essa história, se bate já quer entrar, se entra não quer sair. Ninguém sabe explicar” (Água da minha sede – Roberta Sá)

Agora responda: Qual delas é a boa música e qual delas é a ruim?

Não sabe responder? Ficou na dúvida? Quer mais tempo pra pensar?

(Pausa para você procurar um prédio alto e se jogar do último andar)

Bom, se você não foi se jogar do último andar do prédio e permanece por aqui, acho que podemos dar continuidade.

As músicas ruins são necessárias na vida. Imagina se todas as pessoas só ouvissem Chico Buarque, Ella Fitzgerald, Roberta Sá e companhia? Elas não ririam. As músicas ruins são mais alegres, mais engraçadas e tem coreografias com gente boba dançando.

Mas vocês já perceberam que as pessoas que só escutam boas músicas e criticam as ruins, normalmente, são sérias e tendem a depressão? Isso mesmo, elas são tristes! Tão tristes e esquisitas que querem ouvir Gal Costa num churrasco.

Na época em que o “É o tchan” existia eu era a criança mais feliz do mundo. Dançava horas e horas e sabia todos os passos decorados. Quando teve o concurso da “nova loira do Tchan”, eu só não participei porque era criança, tinha os cabelos escuros, era semi-desnutrida e minha mãe teria um ataque. Só por isso.


Com o “É o tchan” eu aprendi, desde pequenininha, que pau que nasce torto, nunca se endireita.

Que manter uma dieta saudável é super importante:


“Nada de fritura, de gordura, de loucura, de farturDiet, light. Tem que comer bem... bem, bem, bem. Vai pra frente, pra frente, pra frente, pra frente” (Aeróbica do Tchan)


Além, é claro, de aprender sobre a cultura do Japão:

“Todo mundo ligado na dança da gueixa. Arigatô, ô, ô, ô, ô, Saionará, á, á, á, á. Samurai quer ver bumbum mexer, Samurai quer sushi pra comer, Samurai quer amarrar o tchan, Samurai quer tchan, tchan, tchan, tchan" (Ariga Tchan)  

É óbvio que eu sei que essas músicas são o extremo da ruindade, que a “poesia” do chocolate de Luan Santana não é nada quando comparada às letras do “É o tchan”.

Mas, a grande questão é que nem tudo que a gente gosta, precisa necessariamente ser lindo, maravilhoso, culto, inteligente, bacana.

O melhor lado das músicas ruins é cantar, dançar, rir com as letras ridículas e se divertir. Quer coisa melhor do que isso? Além do mais, é através das músicas ruins que podemos observar até que nível pode descer a criatividade do ser humano.

Experimente ser menos rígido com seus gostos musicais e aproveitar o lado cômico das músicas ruins.

Volta, É o tchan! 


Ps : Alguém sabe de qual enciclopédia o cumpadji Washington tirou o termo “farturdiet” e o que ele significa?

Ps2: O grupo “É o tchan” ainda es existe. Mastá longe de ser aquela explosão de criatividade na companhia do nosso saudoso Jacaré.


Mari Lima

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Blog parado, né?


Foi que essa semana foram muitos afazeres, não deu tempo mesmo!

Mas, com certeza, teremos mais devaneios na semana que vem!

Até lá!

Beijos!

Mari Lima


segunda-feira, 16 de maio de 2011

Desabafos da magreza

Muito se fala sobre pessoas gordinhas. Que gordo é motivo de risada na escola, bullying pra lá, bullying pra cá, etc e tal.

E quem pensa nos magros? Quem liga pra nós?

Sim, porque os magros sofrem tanto preconceito quanto os gordos. Por isso, gostaria de explicar algumas coisas a você sobre as pessoas magras.

Você olha para uma pessoa gorda e diz: “Nossa, como você está gordo!”? Claro que não, pois caso você não tenha muita intimidade com essa pessoa, é falta de educação. Então, por favor, não diga: “Nossa, como você está magra!” para as pessoas magras, pois isso também é falta de educação! Não é legal e a gente não gosta! Principalmente se você fizer cara de peninha, como se passássemos fome.

Notícia que vai a mudar a sua vida: nós não precisamos de cesta básica, nós precisamos que você pare de falar da nossa magreza.

Outro ponto importante: pare de olhar o quanto a gente come! Sempre que tem um magrinho almoçando com pessoas normais e gordas, todos reparam no magrinho (e no gordo também) pra ver o quanto eles comem.

“Ah, por isso que você é magra assim! Com essa comida de passarinho!”

Oi? E eu, por acaso, sou servente de pedreiro ou trabalho no sol cortando cana?  


Primeiro que é falta de educação fazer um morrinho no prato, e segundo que se eu sou magra não deve caber tanta comida dentro de mim, não é mesmo? Deixe de ser inconveniente e cuide da sua alimentação! Que do meu estômago cuido eu!

Outra frase bem irritante é:

“Você não pensa em dar uma engordadinha não?”

Dá vontade de dizer:

“E você não pensa em deixar de ser feio não?”

Mas eu digo:

“Pois é... É que pra mim é difícil”.


Você já parou pra pensar que nem todo mundo é essa máquina de fazer gordura como você? Pois é! Tem gente que é magra e não consegue engordar. Não porque tome inibidor de apetite ou porque goste, simplesmente porque é o biotipo dela!

Quando eu era criança, sempre quis ser mais gordinha (hoje também quero, mas já me acostumei). Eu colocava o short da educação física (mesmo quando não era dia) por baixo da calça do colégio só pra engrossar um pouquinho a perna. Achava feio usar tênis e short porque realçava a finura do meu tornozelo e eu me sentia uma astronauta. Aos 11, eu ligava a TV no programa de Solange Frasão e fazia os exercícios todos, com a esperança de ficar igual a ela.

Todas as meninas, com o tempo, começavam a criar um mínimo de curvas, eu não. Continuava lisinha e magrinha, como uma menina de 10 anos de idade. Isso me chateava muito.

Pedi a minha mãe para me levar ao médico. A médica disse que era o meu tipo de corpo. Que eu não tinha nenhum problema e, por isso, não ia me passar remédio para engordar. Minha mãe já havia dito, mas eu não acreditava em ninguém. Queria uma camada de carne de verdade, que não fosse o meu short da educação física.

Só depois de adulta que eu passei a me acostumar com o meu tipo de corpo: sem grandes montanhas russas, apenas magra. Sei que não importa o quanto eu coma ou pratique exercícios, não serei nunca a Solange Frasão. No máximo, ganharei alguns poucos quilos.

Mas calma, não precisa chorar. Eu não deixava barato! Já quase afoguei um menino na aula de natação e já deixei uma cicatriz no pulso de outro feita com a minha poly 0.5.

“Me chame de magricela de novo pra você ver!” - era o que eu dizia.

E eles não chamavam de novo, morriam de medo.

Isso é tudo pra alertar você, que às vezes nem fala com a intenção de ser chato, que dizer que uma pessoa está muito magra não é bacana. Pelo contrário, é muito chato. Se ligue!

Ps: Não quis ser rude com os serventes de pedreiro e cortadores de cana. Mencionei-os devido ao trabalho braçal que realizam e, por isso, geralmente, costumam comer muito. 

Mari Lima

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Ser professora

Como a maioria já sabe, sou professora. Não professora do Ensino médio, não professora de cursinho pré-vestibular, não professora da Universidade; sou professora de criança.

Professores de criança no Brasil, em geral, sofrem preconceito ou são dignos de pena. Isso porque as pessoas têm o péssimo hábito de escolherem sua profissão pelo quanto de dinheiro podem vir a ganhar com ela.

Posso contar um segredo?

Não é a profissão que ganha dinheiro, é você quem põe a roda da fortuna pra rodar.
Aliás, já que entramos em um assunto que eu adoro, o dinheiro, que tal falar sobre o quanto você ganha?

Se você chegar à sua casa dizendo que vai fazer vestibular para pedagogia, no mínimo, você apanha de cinto. Mentira minha? Teste.

Muitos profissionais só possuem o status. A gente sacode uma árvore e caem 15.000 advogados dela. Quantos desses são bem sucedidos? Quantos desses conseguem pagar pela roupa bonita que usam no escritório?

As pessoas falam que professores de criança passam fome. Sinto lhe dizer, mas tem mais advogados desempregados e ganhando miséria na exploração de um escritório do que professores.

Enfatizo os advogados, apenas, por ser a segunda profissão mais valorizada no Brasil, perdendo apenas para a medicina. Mas existem tantas outras...

Nutricionistas, farmacêuticos, fisioterapeutas usam branco. Ponto final. Eles ganham tão mal pelo que fazem quanto qualquer professor de criança. A diferença? Eles usam branco. Arquitetos passam noites em claro desenvolvendo projetos que também são vendidos por uma miséria. Algumas poucas profissões rendem um dinheiro considerável a curto prazo. Entretanto, você pode ser o que quiser: menos professor!

Quando falo do preconceito da profissão, sei que ele não é todo externo. Sim, os próprios profissionais da educação se auto-discriminam. Uma colega de profissão já me perguntou:

- Mariana, o que as suas irmãs fazem?

- Minha irmã mais velha é bacharel em ciências da computação, mas não exerce, ela é funcionária pública. E a minha irmã do meio é bióloga e está fazendo mestrado na USP. Alguma coisa com o efeito de antidepressivos em ratos.

- Sério? E o que deu de errado com você?

Minha vontade era de dar um soco na cara dela. Mas apenas disse: “é por profissionais como você que a sociedade desvaloriza a profissão de professor”.

Muitos dos profissionais da educação estão nessa área por falta de opção. Porque era mais fácil passar numa federal ou porque era mais barato pagar numa particular. Desses profissionais, sinceramente, eu tenho que sentir pena. Pois eles contaminam e baixam o nível da educação brasileira.

Ser professor de criança não é ser babá, é mediar a construção do conhecimento do seu filho. É um trabalho de imensurável responsabilidade. Valorizem-nos, caso contrário, podemos transformar o seu filho no próximo Bin Laden da humanidade. Afinal de contas, também trabalhamos com a vida.

E posso contar outro segredo?

Ser igual aos demais (em qualquer profissão que seja) e até o melhor, lhe renderá, no máximo, uma promoção e uma miséria a mais no salário. Mas ser diferente dos demais, lhe garantirá o mundo.

Por favor, não sintam pena de mim, pois da próxima vez, não espere minha paciência. Espere um soco na cara. 

Ps1: Não apanhei de cinto quando decidi ser professora. Pelo contrário, sempre fui estimulada a ser o que eu tivesse vontade de ser. E, ainda assim, ganhar o mundo.

Ps2: Se você é burro (todo mundo sabe se é ou não), não se iluda pensando que vai passar num concurso público ou enriquecer só porque terminou um curso de bom status. Se toque e vá revender Avon ou investir nos jogos da mega-sena. É o melhor que você pode fazer com todo esse potencial.

Ps3: Inteligência não tem nada a ver com estudo, mas com as experiências que a vida nos proporciona ou que nós mesmos buscamos proporcionar. Uma pessoa, com poucas oportunidades, pode ser alguém extremamente inteligente e ganhar o mundo. Chamo de burros aqueles que se vangloriam do curso que fizeram, mas nada construíram, e, ainda assim, menosprezam aqueles que, por exemplo, escolheram ser professor.

Mari Lima

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sobre fadas e bruxas

Se vocês me permitem, hoje quero falar sobre a lavagem cerebral que a mídia realiza na cabeça das crianças. Mídia essa, tão nociva, que corrompe os valores, aproveitando-se, ainda, da inocência e vulnerabilidade das mesmas.
 
Em uma turma de educação infantil, é fácil perceber aquilo que é valorizado ou desvalorizado pelas crianças. Meninas de 5 anos disputam beleza, meninos de 5 anos disputam força e dinheiro. E isso me preocupa muito.
      
Em todo aglomerado de crianças (não importa a idade), existem os líderes. Esses líderes são os que decidem quais são as brincadeiras mais legais, quem deve fazer o quê e quem é amigo de quem. Preciso dizer quem são eles? A menina-líder é sempre loira, magra, de olhos claros e cabelos lisos. O menino-líder é sempre mais alto e mais forte que os demais.


Esses dias, enquanto dava aula, era parte da atividade desenhar uma fada e uma bruxa. Todas as meninas, sem exceção, desenharam a fada loira com os cabelos lisos, e a bruxa com cabelos cacheados e pretos. Questionei:

- Porque você desenhou a fada com cabelos loiros e lisos e a bruxa com cabelos cacheados e pretos?

- Porque a fada é bonita e a bruxa é feia.
 
Quando as crianças formam duplas em suas mesas, a menina que é um pouco gordinha sempre fica sozinha. Porque ela não é tão legal quanto as outras? Não, simplesmente porque ela é gordinha e as outras meninas não querem ser amigas dela. Pasmem!

Os meninos só são amigos daqueles que fazem judô, porque fazer judô é sinal de força. Pensando pela cabeça de uma criança, é compreensível ver o judô como sinal de força (eu também acho), mas daí a não ser amigo daqueles que não o praticam é outra história. Assim é com o dinheiro também. Já presenciei brigas entre meninos sobre quem tinha o pai que ganhava mais dinheiro.

- Professora, o meu pai é juiz. Ele ganha mais que o de fulaninho, não é?


- Mentira! O meu pai é médico! Ele ganha muito mais do que o dele!


- Mas o seu pai não lhe deu o videogame tal que custa tanto!


- Mas ele me levou pra Bariloche!

No meu tempo, as crianças sabiam que tinha o direito de ganhar presentes no aniversário, natal e dia das crianças, mas não sabiam quanto custava cada coisa e ficavam felizes só com o fato de estarem ganhando presentes. Hoje, elas querem um presente a cada final de semana, sabem os preços dos brinquedos e exigem que sejam caros. E essa infinidade de brinquedos fica entulhada na casa sem que essas crianças dêem o menor valor a eles. Os brinquedos agora são descartáveis, elas brincam duas vezes e enjoam. Enjoam porque sabem que receberão outro logo logo.

Educar nossas crianças nos dias de hoje não é tarefa fácil. Se o seu filho quer um brinquedo novo, estimule-o a doar um que ele já tenha em casa. Leve-o para conhecer crianças que não tenham tantas oportunidades quanto ele. Explique o valor do dinheiro, das pessoas, e das amizades.

Amor não se compra. No lugar de encher o seu filho de presentes caros, brinque mais com ele, beije-o mais, conte histórias, façam desenhos, cozinhem juntos, façam morrinho de areia na praia. Crianças, para serem felizes, não precisam de tanto.

É preciso um olhar mais cuidadoso sobre os valores que estamos passando para as nossas crianças. Os valores plantados, hoje, são aqueles que serão colhidos no futuro, não é mesmo?
Mari Lima

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ela tinha doze, ele tinha treze.

Esse texto foi escrito há dois anos, quando eu ainda tinha 22. Conta sobre os encontros e desencontros que tive com o meu namorado até os meus 18 anos. Espero que gostem! 

Tem uma história de amor bonita? Cômica? Triste? Me conta por e-mail que a gente conta por aqui. :) Muitas pessoas estão me enviando sugestões de tema, assim que possível publicarei. Obrigada!




Ela tinha doze, ele tinha treze

Como realmente se conheceram, eles não lembram, pois ainda usavam fraldas e somente balbuciavam algumas meias palavras. Moravam muito próximos, numa cidade bonita do litoral, até que um dia ela se mudara para uma casa um pouco mais distante.

Ela tinha doze, ele tinha treze, eles não sabiam falar inglês. Ela pedira ao seu pai para ser matriculada num cursinho de línguas que abrira nas redondezas, já ele fora obrigado por sua mãe. Os dois saíam para a aula sozinhos, mas nunca havia o caso de se encontrarem no caminho. Ela saía a pé e atenta ao horário; no caminho brincava com meia dúzia de cachorros com os quais havia feito amizades. Já ele odiava cachorros, achava que fediam e lambiam sem qualquer necessidade. Ia sempre de bicicleta, na maioria das vezes atrasado, mas nunca com pressa. Ela odiava bicicletas. Na verdade, nunca aprendera a usar o freio de forma adequada.

Desde o primeiro dia de aula ela não tirara os olhos daquele menino atrasado que gostava de bicicleta. Aos poucos, ela fora percebendo que ele tinha a mania de morder o cantinho da boca e coçar o nariz por causa da alergia. Ela adorava quando ele sentava no lugar bem a sua frente, só assim ela podia olhá-lo de perto e sem culpa, nem que fosse apenas para sua nuca.

Certa vez, ela criou coragem, buscou na secretaria do cursinho o telefone dele e ligou:

— É... Fernando?! É Mariana — disse com um tom de insegurança.
— Quem?!
— Mariana, do curso de inglês...
— Ah! Oi.
— É... Você sabe quais as páginas do livro que o professor pediu para fazer?
— Eu não.
— Ah... Tá bom então, tchau!

É claro que ela sabia quais eram as páginas da atividade, ela até já as havia feito. E por um momento, sentiu-se ridícula... Sua vontade ao ligar era de apenas dizer: “Oi Fernando, sou eu. Casa comigo?”. E ele responderia: “Caso. Agora!”. Ela queria ser única na vida dele, assim como ele era o único Fernando na vida dela.

E na aula seguinte, enquanto aprendiam as frutas, ele insistira na idéia de querer saber como se dizia jambo em inglês. O professor explicara que não existia jambo em inglês, pois era uma fruta típica do Brasil. (Mal sabia ele que todas as espécies de jambo são nativas do continente asiático)

— Existe, não existe? — perguntou, confuso, a ela.
— Claro que existe, o professor é que não soube lhe responder e ficou com vergonha de admitir.

Ela sabia que não existia, mas concordara pelo simples prazer de concordar com ele.

Após um ano, quando ela teve de se mudar novamente, seu pai achou por bem transferi-la para um curso mais próximo de sua nova casa. Ela recusara-se. Aulas de inglês sem ele já não fariam mais o menor sentido. Meses depois, ele saiu do curso também, talvez por sentir falta da menina irritante que respondia tudo.

Se viram dois anos mais tarde, nos jogos extraescolares. Ela agora tinha quinze. Quinze e peitos, quinze e um cabelo comprido. Entre tanta gente, reconheceu-o de longe. De frente? Não, de costas. Ah! Aquela nuca era inconfundível. Passou por ele como quem desfila, mas não foi reconhecida. Deixou que ficasse assim, pelo simples prazer de olhá-lo de perto e sem culpa.

Aos dezesseis, ele decidira ser aviador e se mudara para uma cidade fria e cercada por montanhas. Até os dezessete, ela namorou vários, mas nenhum deles possuía manias estranhas e suas nucas eram um tanto quanto comuns, dessas que correm o risco de serem confundidas em qualquer multidão.

Ela tinha dezoito, ele dezenove. De férias, encontraram-se por acaso. E dessa vez, ela se apresentara como a tal Mariana do inglês. Foram férias inesquecíveis. Antes de ele ir embora, ela entrelaça os braços em seu pescoço e pergunta: “Você é meu namorado?”. Ele ri e pergunta: “Você é minha namorada?”. “Desde os 12 anos”, disse ela. Ele não entendera, mas estava tão atrasado, não havia tempo para que ela explicasse. Na ocasião, ele a deu uma rosa, e, desde aquela rosa vermelha e apressada, ela sabia que estava amando a pessoa mais diferente que já havia conhecido, e, ao mesmo tempo, tão igual àquela por quem se apaixonara aos doze anos.
       
Ela tem vinte e dois, ele vinte e três. Brincam juntos com os quatro cachorros da casa dela. Ela tentou umas pedaladas na bicicleta dele, mas ainda não pegou o macete do freio. Curioso é que, desde o início, ela sabia que era ele, mas parece que só o tempo é capaz de definir certas coisas. Ela ainda não fala inglês.

Mari Lima

segunda-feira, 2 de maio de 2011

No trânsito

No trânsito tem de tudo: gente estressada, gente lesma, gente que gesticula, gente otária, gente que não compreende placas, e até gente que se irrita com os adesivos alheios.

Explico melhor.

Nas aulas da auto-escola, nós não aprendemos sobre os sinais esquisitos que as pessoas podem vir a fazer no trânsito. Os homens, em geral, têm uma mania bem estranha: eles põem a mão para fora da janela e dão um “legalzinho” pra gente. O que ele quer dizer com isso?!

A. que o dia dele está sendo muito bom;
B. que ele lhe curtiu no facebook;
C. que ele lhe acha uma pessoa bacana.

A resposta correta é: nenhuma das respostas anteriores! Ele apenas está dizendo que vai entrar na sua frente! Porque ele acha que a gente vai adivinhar? Aí eu já não sei. Pois quando acontece de eu precisar entrar na frente de algum carro, eu simplesmente abaixo o vidro, olho para a pessoa e utilizo um recurso moderníssimo chamado fala: “posso entrar na sua frente?”.

Há vezes em que as pessoas passam correndo por você e apontam feito loucas para o seu carro. Eu só falto pirar! Não entendo o que a pessoa fala e fico pensando que o carro pode explodir comigo a qualquer momento. Se você sabe que a pessoa não vai ouvir que você está apenas avisando que a porta está entreaberta, não avise! Isso preocupa! E, aliás, vocês já viram alguma porta entreaberta abrir no meio do trânsito? Claro que não, porque portas entreabertas de carro não abrem! Por favor, parem de avisar. Isso é muito desnecessário!

E as placas? Quem as entende?

Sabe aquela que tem um carro ao lado do outro cortada ao meio? Eu jamais entendi que “era proibido ultrapassar”. Eu pensava que dizia: “Carros, não sejam amigos”. E me perguntava: “Porque existe uma placa inútil como essa? Quem, em sã consciência, vai ficar andando ao lado de outro carro só pra ficar conversando?”.

Eu também nunca me recordo se aquele triângulo vermelho quer dizer que a preferência é minha ou da outra pessoa. O que tem a ver um triângulo dizer se eu posso ou não passar? Não seria mais didático uma placa dizendo: “Mariana, pare!” ou “Mariana, vá!”? Na dúvida, eu sempre passo correndo.

Mudando um pouco de assunto, quando falei dos adesivos alheios irritantes, falei de mim mesma. Porque carros bregas, simplesmente, me irritam muito.

O que pensa uma pessoa que compra um adesivo “Foi Deus que me deu” e cola no vidro traseiro? Isso é pior do que combinar uma blusa de oncinha com uma calça de vaquinha. É o maior nível de breguisse já alcançado por um ser humano na terra. Eu fico pensando se essas pessoas também não saem por aí com um adesivo na testa: “Foi mamãe que fez”, e outro na blusa: “fui eu que comprei”.

Há também os que contemplam num só carro os adesivos: “Sou chicleteiro”, “Direito num sei onde”, “Betinho e Juju”.

Primeiro: eu não entendo o que raios é ser “chicleteiro”. Você ama o chiclete Ploc, você trabalha numa fábrica de chicletes ou você gosta da banda chiclete com banana?

Segundo: ninguém perguntou o curso que você faz. Isso é o tipo de coisa que só interessa aos seus pais e à faculdade que você paga.

Terceiro: eu não estou interessada no seu nome e nem muito menos no da sua esposa. Eu nem lhe conheço!

Quarto: pare de contar a sua vida através do seu carro. Quanta carência! Quer dizer para o mundo que você é interessante? Crie uma conta no facebook e não use as opções de privacidade. Garanto que é mais eficiente.

E já que estamos falando de adesivos, longe de mim parecer herege! Mas vocês já prestaram atenção que todos os carros lentos têm escrito “Deus é fiel” atrás? Eu acho, sinceramente, que todos esses adesivos deveriam vir com o complemento: “Deus é fiel e eu sou bem lentinho”.

Será que “Não dirigirás tão rápido” é o 11º mandamento e ninguém me atualizou? Confesso. Certa vez me deparei com um carro lento que não possuía tal adesivo. Mas, de pertinho, vi que tinha um adesivo “divino” no pára-choque.

Por isso, gostaria de pedir ao Detran que, nos testes que precedem a aquisição da carteira de motorista, eles acrescentem perguntas discursivas fundamentais, tais como:

A. Você é otário? Justifique sua resposta com base em acontecimentos reais.
B. Você utilizaria adesivos de que natureza no seu veículo?
C. Você gosta de chiclete?
D. De que forma você se comunica com as pessoas: oralmente ou através de sinais pouco compreensíveis? Porque?

Para um trânsito mais seguro e tranqüilo: não seja a lesma que todo mundo tem vontade de atropelar, não fique olhando as pontas duplas do cabelo quando o sinal está verde, não confunda placas importantes, não seja chicleteiro e, principalmente, não seja brega.

Ps: Não custa repetir, não tenho a intenção de ridicularizar as pessoas que acreditam em Deus e em sua fidelidade. Eu também acredito. Apenas acho engraçado o fato de todos eles (que colam adesivos) andarem lentamente. 

Mari Lima
Segue aí! @marinlima


Tem sugestão de tema? Manda pro marianandelima@yahoo.com.br
Terei o maior prazer em escrever!