sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Solenidades de formatura

Início de ano é assim: quase toda semana temos alguma solenidade de formatura para comparecer.

Dias atrás estava na formatura de uma turma de Direito (e é claro que você também estava. Todos estavam. Era o evento social da noite), e eu poderia contar nos dedos a quantidade de pessoas que estavam dando ouvidos ao que estava sendo dito pelo orador, paraninfo, reitora, entre outros que presidiam a mesa.

Nesse dia ouvi uma pergunta interessante do meu pai: “Desde quando as solenidades de formatura passaram de importantes para chatas e entediantes?”

Na verdade mesmo, nada mudou. Sempre houve o discurso do orador, do paraninfo, a entrega dos diplomas e aquele blá blá blá todo. Nada mudou no procedimento da solenidade, mas tudo mudou no quesito da importância.

Na época do meu pai só existia a Universidade Federal, ou você estava dentro dela, ou você não fazia parte do mundo dos “formados”. Chamar alguém para a colação de um filho que se formou em Direito era um orgulho para o pai. E toda a família e amigos prestavam atenção ao que estava sendo dito, não porque naquela época fosse mais legal, mais divertido, mais diferente... Mas porque era, de fato, importante!

Então quer dizer que as milhares de pessoas que estavam na formatura não estavam dando a mínima para o acontecimento? Não é bem assim! É que agora o momento “solenidades de formatura” se tornou normal, natural. Hoje em dia, todo mundo se forma.

E quando falo de “todo mundo”, não falo com desdém, mas com felicidade. É ótimo saber que hoje em dia é fácil fazer um curso superior, ser uma pessoa “formada”.

Permita-me um curto relato.

Francisco é jardineiro. Entre outras coisas, ele cuida do jardim da minha casa: corta a grama, planta mudas e etc. Dia desses, ele ligou para a minha mãe dizendo que não poderia vir no dia seguinte, pois ia fazer a matrícula da filha dele na UNP, pois ela havia ganhado uma bolsa.

A filha de Francisco sempre estudou em escola pública, certamente não possuía dinheiro para comprar muitos livros e nem tinha acesso fácil à internet. Fez vestibular para arquitetura, ficou muito próxima de passar, mas não passou. No tempo do meu pai, uma boa aluna como a filha de Francisco (que não me recordo o nome), ficaria sem se formar ou tentaria vestibular de novo no ano seguinte. Mas nos tempos de hoje, existe o acesso às faculdades particulares – inclusive - com bolsa integral.

Acho lindo, lindo mesmo, que hoje seja “normal” se formar, que o Ensino Superior seja menos fechado e elitizado. Acho ótimo que as oportunidades existam para aqueles que buscam aprender mais.

E diante de toda a falta de educação (minha inclusive) presente nas solenidades de formatura, uma coisa é boa e certa: seja na UFRN, na UNP, Na FARN, Na Câmara Cascudo, Na Estácio de Sá... O ensino superior virou o caminho natural para todas as classes sociais. Hoje, todo mundo se forma!

Mari Lima

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