segunda-feira, 16 de maio de 2011

Desabafos da magreza

Muito se fala sobre pessoas gordinhas. Que gordo é motivo de risada na escola, bullying pra lá, bullying pra cá, etc e tal.

E quem pensa nos magros? Quem liga pra nós?

Sim, porque os magros sofrem tanto preconceito quanto os gordos. Por isso, gostaria de explicar algumas coisas a você sobre as pessoas magras.

Você olha para uma pessoa gorda e diz: “Nossa, como você está gordo!”? Claro que não, pois caso você não tenha muita intimidade com essa pessoa, é falta de educação. Então, por favor, não diga: “Nossa, como você está magra!” para as pessoas magras, pois isso também é falta de educação! Não é legal e a gente não gosta! Principalmente se você fizer cara de peninha, como se passássemos fome.

Notícia que vai a mudar a sua vida: nós não precisamos de cesta básica, nós precisamos que você pare de falar da nossa magreza.

Outro ponto importante: pare de olhar o quanto a gente come! Sempre que tem um magrinho almoçando com pessoas normais e gordas, todos reparam no magrinho (e no gordo também) pra ver o quanto eles comem.

“Ah, por isso que você é magra assim! Com essa comida de passarinho!”

Oi? E eu, por acaso, sou servente de pedreiro ou trabalho no sol cortando cana?  


Primeiro que é falta de educação fazer um morrinho no prato, e segundo que se eu sou magra não deve caber tanta comida dentro de mim, não é mesmo? Deixe de ser inconveniente e cuide da sua alimentação! Que do meu estômago cuido eu!

Outra frase bem irritante é:

“Você não pensa em dar uma engordadinha não?”

Dá vontade de dizer:

“E você não pensa em deixar de ser feio não?”

Mas eu digo:

“Pois é... É que pra mim é difícil”.


Você já parou pra pensar que nem todo mundo é essa máquina de fazer gordura como você? Pois é! Tem gente que é magra e não consegue engordar. Não porque tome inibidor de apetite ou porque goste, simplesmente porque é o biotipo dela!

Quando eu era criança, sempre quis ser mais gordinha (hoje também quero, mas já me acostumei). Eu colocava o short da educação física (mesmo quando não era dia) por baixo da calça do colégio só pra engrossar um pouquinho a perna. Achava feio usar tênis e short porque realçava a finura do meu tornozelo e eu me sentia uma astronauta. Aos 11, eu ligava a TV no programa de Solange Frasão e fazia os exercícios todos, com a esperança de ficar igual a ela.

Todas as meninas, com o tempo, começavam a criar um mínimo de curvas, eu não. Continuava lisinha e magrinha, como uma menina de 10 anos de idade. Isso me chateava muito.

Pedi a minha mãe para me levar ao médico. A médica disse que era o meu tipo de corpo. Que eu não tinha nenhum problema e, por isso, não ia me passar remédio para engordar. Minha mãe já havia dito, mas eu não acreditava em ninguém. Queria uma camada de carne de verdade, que não fosse o meu short da educação física.

Só depois de adulta que eu passei a me acostumar com o meu tipo de corpo: sem grandes montanhas russas, apenas magra. Sei que não importa o quanto eu coma ou pratique exercícios, não serei nunca a Solange Frasão. No máximo, ganharei alguns poucos quilos.

Mas calma, não precisa chorar. Eu não deixava barato! Já quase afoguei um menino na aula de natação e já deixei uma cicatriz no pulso de outro feita com a minha poly 0.5.

“Me chame de magricela de novo pra você ver!” - era o que eu dizia.

E eles não chamavam de novo, morriam de medo.

Isso é tudo pra alertar você, que às vezes nem fala com a intenção de ser chato, que dizer que uma pessoa está muito magra não é bacana. Pelo contrário, é muito chato. Se ligue!

Ps: Não quis ser rude com os serventes de pedreiro e cortadores de cana. Mencionei-os devido ao trabalho braçal que realizam e, por isso, geralmente, costumam comer muito. 

Mari Lima

2 comentários:

  1. Você não comentou sobre seu apelido dado por uma coleguinha ou mãe de uma coleguinha: grilo falante.

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  2. Mari, ainda hoje tenho o trauma do short com tênis. Ou tênis com qualquer outra coisa. Acho que eles realçam minha canela fina... ehehe

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