É. Eu tô nostálgica.
Eu não sei sobre a família
de vocês - aliás, eu sei um pouco sim. Toda família tem um pouco de amor, um
pouco de loucura e alguma tristeza – mas na minha família, as mães tem mania de
perseguição: minha mãe, minha tia, minha avó e agora também a minha irmã, que
entrou pro time das mães enlouquecidas, acham que nós as culpamos por tudo!
É porque a gente pega aquele
álbum antigo cheio de poeira, que fica embaixo do centro da sala ou no maleiro
do guarda-roupa, e encontra o quê? Você e suas irmãs com um modelito deveras
duvidoso que a sua mãe juuura que era moda! Aí você pesquisa toda a história da
moda, desde 1900, e não encontra nada parecido.
Aí a gente cresce e começa a
namorar. Se o namorado é estiloso, a mãe diz que é
maconheiro-vagabundo-sem-futuro, e se for muito certinho, é porque é sonso e
quer lhe engravidar. Aí quando o namoro não dá certo a gente culpa a mãe, que
sabia que ele era maconheiro-vagabundo-sem-futuro, e mesmo assim deixou a gente
engravidar. E se a mãe proíbe o namoro a gente passa o resto da vida pensando
que ela nos privou do amor da nossa vida.
De um jeito ou de outro, a
culpa é sempre da mãe. Mãe erra mesmo. Fazer o quê? Ser mãe é um emprego pra
vida toda e sem direito a aposentadoria. Imagina a quantidade de erros que você
cometeria em 20, 30, 40 anos de profissão? A diferença é que mãe, independente
dos erros, é sempre perfeita, com direito a foto de funcionária do mês e tudo.
A gente tem escola pra
educar, pai pra dar bronca, avó pra mimar e todo o resto da família pra nos
ensinar coisas boas, mas aprender a ser gente mesmo... isso a gente aprende com
a mãe.
Mãe é aquela que diz pra
gente não aceitar o brigadeiro na primeira vez que oferecem (mesmo que a gente
esteja morrendo de vontade). Mãe é aquela que mata só com um olhar quando a
gente esquece de dizer “obrigada”, “com licença” ou “por favor”. Mãe é aquela
que diz que a gente vai morrer, se a gente provar algum tipo de droga. Mãe é aquela
que grita na beira da praia dizendo que a gente tá muito no fundo. Mãe é aquela
que mata a gente de vergonha quando liga pra todas as vizinhas pra dizer que a
gente “virou moça”. É. Mãe mata a gente de vergonha! E de muito amor também.
Algumas já se foram, outras
não. Algumas estão velhinhas precisando do nosso cuidado, outras não. Algumas
estão pertinho fazendo almoço e outros miminhos, já algumas estão longe e bem
guardadinhas no coração. Essa última é a minha.
Que lindo Mari. Mães deveriam ser eternas.
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