Há algum tempo, ficávamos os quatro: eu, meu pai e minhas duas irmãs, cada qual em seu notebook. Era a reclamação diária da minha mãe - o quinto elemento desconectado - “Eu quero conversar e vocês não me escutam!”
De fato, alguma coisa estava estranha. Em uma casa com cinco pessoas, seriam mesmo necessários quatro notebooks?
O fato é que o meu notebook já não estava lá essas coisas... Comprei um novo e dei o velho a minha mãe. Ela teve algumas aulas e... adivinha? Ela curte tudo o que eu posto no facebook. E como minhas irmãs não moram mais em casa, somos agora três elementos ao notebook: eu, meu pai e minha mãe.
Hoje em dia, quem consegue se desconectar?
Ninguém. Nem mesmo a minha mãe que acaba de conhecer o mundo da internet.
Alguém - que não me recordo agora - contou que foi ao banco retirar dinheiro e teve a senha bloqueada. Motivo? Digitou a senha do twitter três vezes.
É tão tentador saber o que está acontecendo de interessante no mundo, de bizarro, de inútil... que a gente não consegue acumular tweets. A gente acumula trabalho, leitura, a louça do almoço... mas nunca os tweets! E acabamos fazendo coisas estranhas como, por exemplo, eu que sigo a Wanessa Camargo. Sim, Wanessa, a filha do filho de Francisco. Ela fala do CD novo, dos shows, manda beijo pros fãs e, sabe-se lá porquê, eu leio tudo: como uma grande fã! Sem nem saber que tipo de música ela canta. Estranho não?
Outra coisa engraçada (ou ridícula talvez) é que a gente sempre acha que alguém vai nos ligar de madrugada. Ouso até fazer um boneco de cera da pessoa que for capaz de desligar o celular antes de dormir!
“E se alguém me ligar? E se surgir uma emergência? E se alguém comentar alguma coisa no meu facebook?” A gente não quer deixar pra ler amanhã o que pode ser lido/sabido na madrugada.
Nunca surgiram emergências, nunca recebi um e-mail de vida ou morte... mas nunca, nunquinha mesmo, desliguei o celular antes de dormir. Por quê? Eu sei lá! Gosto que ele fique ao lado do meu travesseiro. Me sinto mais segura.
E nem dirigir a gente sabe fazer sem o uso do celular/internet. Como volto do trabalho na hora em que TODOS voltam... preciso escolher o melhor caminho, o menos engarrafado. Já virou rotina: antes de sair, consulto o tráfego no twitter. Sem o twiter, eu não sei mais nem como passar a primeira marcha.
Uma amiga minha reclama que nunca consegue falar com o namorado na hora que quer. Isso porque ele, de vez em quando, desapega e desliga o celular. Vez em quando não olha as “mentions” no twitter e nem responde imediatamente aos e-mails dela. O problema é que ela o procura no mundo virtual e, de vez em quando, ele encontra-se apenas no real. Desse, eu farei um boneco de cera.
Só por hoje não entro no twitter.
Mari Lima
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