Vocês estão cansados de saber que eu trabalho com criança, certo? Pois bem! Nas últimas semanas, em determinada atividade, foi pedido que elas desenhassem o pai e dissessem uma palavra que o definisse.
Algumas crianças definiram o pai como: engraçado, lindo, maravilhoso, brincalhão, amigão, meu herói e etc. Entretanto, algumas usaram palavras como: bravo, trabalhador, comprador e “não sei”.
E são essas últimas as que me preocupam! Aquelas que não ligam seus pais a um sentimento. Infelizmente, o relacionam a dinheiro, a alguém que está sempre trabalhando, brigando com eles ou simplesmente nem sabem o que dizer.
O que é tão natural para algumas crianças, como achar o seu pai o maior herói de todos os tempos e falar sobre ele com brilho nos olhos, é qualquer coisa para outras.
Nem sempre colocamos as atividades das crianças expostas na escola, mas essa eu fiz questão de colocar. Eu queria que os pais vissem o seu adjetivo de “comprador” e comparassem com aquele que é um “herói”. Coloquei porque queria que eles repensassem sobre o valor de ser pai.
E essa figura do pai vem sendo distorcida até nas próprias propagandas do dia dos pais.
“Burguer King apresenta: como calar a boca do seu pai?! Enchendo a boca dele de Burguer King!”
Como? E desde quando se cala a boca de um pai? Será que o Burguer King não tinha nada mais bonito pra falar sobre o dias pais?
E a propaganda das lojas boticário?
“Quando o seu pai faz ‘rurum’ ele quer dizer que rabo de gato não é pavio. Quando o seu pai faz ‘rurum’ ele quer dizer que amou o presente!”
Que pai é esse que só fala “rurum”? Pai que é pai fala que amou o presente, abraça, beija. Sem falar sobre essa frase desnecessária sobre maltratar os gatos, né?
Parece que tudo nesse mundo muda pra pior. Os pais não sabem mais o valor de ser pai, e com isso, os filhos esquecem o valor de ser filho.
Pai que é pai tem que abraçar, tem que beijar, tem que torcer, estar presente, ser herói.
Eu gostaria (de verdade) de escrever num outdoor que não se conquista filho com dinheiro. Queria poder dizer aos pais que ser “herói” vale mais que ser rico, que ser brincalhão vale mais que ser ausente, que ser lindo vale mais que ser “não sei”.
Uma criança de 5 anos não precisa de um Ipod, precisa que você a leve pra brincar de montinho de areia na praia; uma criança de 5 anos não precisa de um quarto lotado de brinquedos, precisa que você a conte uma história antes de dormir; uma criança de 5 anos não precisa do vídeo game mais caro, ela precisa que você tire o seu sábado para ensiná-la a andar de bicicleta.
Ser pai é mais barato do que vocês pensam.
Ser filho também.
Que tal começar a ser pai agora? Ainda dá tempo.
Mari Lima
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