segunda-feira, 2 de maio de 2011

No trânsito

No trânsito tem de tudo: gente estressada, gente lesma, gente que gesticula, gente otária, gente que não compreende placas, e até gente que se irrita com os adesivos alheios.

Explico melhor.

Nas aulas da auto-escola, nós não aprendemos sobre os sinais esquisitos que as pessoas podem vir a fazer no trânsito. Os homens, em geral, têm uma mania bem estranha: eles põem a mão para fora da janela e dão um “legalzinho” pra gente. O que ele quer dizer com isso?!

A. que o dia dele está sendo muito bom;
B. que ele lhe curtiu no facebook;
C. que ele lhe acha uma pessoa bacana.

A resposta correta é: nenhuma das respostas anteriores! Ele apenas está dizendo que vai entrar na sua frente! Porque ele acha que a gente vai adivinhar? Aí eu já não sei. Pois quando acontece de eu precisar entrar na frente de algum carro, eu simplesmente abaixo o vidro, olho para a pessoa e utilizo um recurso moderníssimo chamado fala: “posso entrar na sua frente?”.

Há vezes em que as pessoas passam correndo por você e apontam feito loucas para o seu carro. Eu só falto pirar! Não entendo o que a pessoa fala e fico pensando que o carro pode explodir comigo a qualquer momento. Se você sabe que a pessoa não vai ouvir que você está apenas avisando que a porta está entreaberta, não avise! Isso preocupa! E, aliás, vocês já viram alguma porta entreaberta abrir no meio do trânsito? Claro que não, porque portas entreabertas de carro não abrem! Por favor, parem de avisar. Isso é muito desnecessário!

E as placas? Quem as entende?

Sabe aquela que tem um carro ao lado do outro cortada ao meio? Eu jamais entendi que “era proibido ultrapassar”. Eu pensava que dizia: “Carros, não sejam amigos”. E me perguntava: “Porque existe uma placa inútil como essa? Quem, em sã consciência, vai ficar andando ao lado de outro carro só pra ficar conversando?”.

Eu também nunca me recordo se aquele triângulo vermelho quer dizer que a preferência é minha ou da outra pessoa. O que tem a ver um triângulo dizer se eu posso ou não passar? Não seria mais didático uma placa dizendo: “Mariana, pare!” ou “Mariana, vá!”? Na dúvida, eu sempre passo correndo.

Mudando um pouco de assunto, quando falei dos adesivos alheios irritantes, falei de mim mesma. Porque carros bregas, simplesmente, me irritam muito.

O que pensa uma pessoa que compra um adesivo “Foi Deus que me deu” e cola no vidro traseiro? Isso é pior do que combinar uma blusa de oncinha com uma calça de vaquinha. É o maior nível de breguisse já alcançado por um ser humano na terra. Eu fico pensando se essas pessoas também não saem por aí com um adesivo na testa: “Foi mamãe que fez”, e outro na blusa: “fui eu que comprei”.

Há também os que contemplam num só carro os adesivos: “Sou chicleteiro”, “Direito num sei onde”, “Betinho e Juju”.

Primeiro: eu não entendo o que raios é ser “chicleteiro”. Você ama o chiclete Ploc, você trabalha numa fábrica de chicletes ou você gosta da banda chiclete com banana?

Segundo: ninguém perguntou o curso que você faz. Isso é o tipo de coisa que só interessa aos seus pais e à faculdade que você paga.

Terceiro: eu não estou interessada no seu nome e nem muito menos no da sua esposa. Eu nem lhe conheço!

Quarto: pare de contar a sua vida através do seu carro. Quanta carência! Quer dizer para o mundo que você é interessante? Crie uma conta no facebook e não use as opções de privacidade. Garanto que é mais eficiente.

E já que estamos falando de adesivos, longe de mim parecer herege! Mas vocês já prestaram atenção que todos os carros lentos têm escrito “Deus é fiel” atrás? Eu acho, sinceramente, que todos esses adesivos deveriam vir com o complemento: “Deus é fiel e eu sou bem lentinho”.

Será que “Não dirigirás tão rápido” é o 11º mandamento e ninguém me atualizou? Confesso. Certa vez me deparei com um carro lento que não possuía tal adesivo. Mas, de pertinho, vi que tinha um adesivo “divino” no pára-choque.

Por isso, gostaria de pedir ao Detran que, nos testes que precedem a aquisição da carteira de motorista, eles acrescentem perguntas discursivas fundamentais, tais como:

A. Você é otário? Justifique sua resposta com base em acontecimentos reais.
B. Você utilizaria adesivos de que natureza no seu veículo?
C. Você gosta de chiclete?
D. De que forma você se comunica com as pessoas: oralmente ou através de sinais pouco compreensíveis? Porque?

Para um trânsito mais seguro e tranqüilo: não seja a lesma que todo mundo tem vontade de atropelar, não fique olhando as pontas duplas do cabelo quando o sinal está verde, não confunda placas importantes, não seja chicleteiro e, principalmente, não seja brega.

Ps: Não custa repetir, não tenho a intenção de ridicularizar as pessoas que acreditam em Deus e em sua fidelidade. Eu também acredito. Apenas acho engraçado o fato de todos eles (que colam adesivos) andarem lentamente. 

Mari Lima
Segue aí! @marinlima


Tem sugestão de tema? Manda pro marianandelima@yahoo.com.br
Terei o maior prazer em escrever! 

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