Não
costumo folhear revistas quando vou ao salão, sempre prefiro conversar sobre “gayzises” com o cabeleireiro. Mas da última
vez em que estive lá, uma capa me chamou atenção: “O segredo das mães francesas”.
A
matéria falava sobre uma americana – Pamela Druckerman – e o seu livro “French children don’t
throw food” (Crianças francesas não atiram comida). Tudo começou quando ela foi
morar na França e passou a sentir vergonha do comportamento dos próprios
filhos. Intrigada, ela passa a pesquisar as mulheres francesas e os que elas
fazem para os seus filhos serem tão bem educados.
Falemos do Brasil.
Ninguém mais se
espanta com criança dando mini-showzinho em supermercado, loja de brinquedo,
restaurante... É rotina, é normal.
Só que não é.
O adulto esquece que
quem manda é ele. Que ele é detentor do controle e ele dá a ultima palavra, doa
a quem doer. Criança necessita de disciplina. Do verbo “necessitar” mesmo. Sem
ela a criança sofre.
E criança não é
besta, ela testa o adulto. Eu mesma já tive o meu dia de Ivete Sangalo aos 5
anos e dei showzinho no supermercado. Eu queria um chocolate e o meu pai disse
que não. A partir daí eu comecei a fazer “escola de
samba” – apelido que minha
avó deu ao movimento simultâneo de pernas, braços e cabeça que eu fazia quando
era contrariada – e a gritar. Meu pai, com sua inerente calma, pegou o
chocolate e passou no caixa. Eu, achando que tinha sido mais esperta, fiquei
com aquele sorriso de vencedora, conta ele. Chegando em casa, ele dividiu o
chocolate entre quatro: ele, minha mãe e minha duas irmãs.
Resultado 1: meu pai
foi adulto suficiente para ser mais esperto que eu.
Resultado 2: faz 20
anos que eu não dou showzinho no supermercado.
Mariana, e os
cavalos?
Bom, o meu professor
costuma dizer o seguinte: “Os cavalos são muito inteligentes e eles sempre vão
testar você. O que você tem que fazer é pensar antes dele. Você manda. Não seja
passiva. Encurte a rédea”.
E é bem assim mesmo:
se a gente deixa a rédea longa demais, dá margem pra eles fazerem o que
quiserem. Inclusive nos derrubar. E com criança não é diferente. Pulso firme é
essencial. E que fique claro que isso não tem nada a ver com palmada ou gritos,
mas com olhar firme e tom de voz. O respeito que o próprio adulto se dá, é o
que ele terá de volta da criança.
Cavalos e crianças:
uma comparação infeliz. Mas comparei tá comparado. Longe de mim voltar atrás.
Mari Lima