É quase sempre assim: você termina a faculdade, gasta milhões com o baile de formatura, bebe, vomita e acorda. E é nessa hora que o bicho pega! Você passa de um mero estudante para um vagabundo-desempregado.
O que lhe resta? Deixar currículos pelo mundo afora, claro.
E o problema de deixar currículos nas empresas é que elas acabam te chamando para uma entrevista.
Essas entrevistas teriam sido o meu terror, caso não tivessem sido tão cômicas.
Você chega, entrega seu currículo com os milhões de cursos, mini-cursos, trabalhos apresentados em congressos, experiências acadêmicas, extra-acadêmicas, idiomas e etc. A pessoa dá uma leve olhada, vira pra você e pergunta:
- Se você fosse um animal, qual animal você seria?
- Oi?
- Um animal, querida. Qual você seria? (Achando que eu não entendi a pergunta)
Lembro que respondi “pássaro” pra ver se ela passava logo para o que realmente importava.
- Porquê?
Nessa hora a vontade é de rir. A pessoa vai responder o quê? Que pássaros trabalham bem em equipe, tem espírito de liderança, são motivados, criativos e ótimos professores?! Rs Que lógica tem isso?
E quando a gente pensa que a pessoa vai fazer uma pergunta decente... ela pega uma folha e manda a gente desenhar uma árvore, uma casa e a nossa família.
Esquecendo o chão você está no nível máximo da loucura! E coitado de você se usar a coleção preta! Não pode em hipótese nenhuma! Preto é depressão na certa. Inventa um cabelo loiro pra tua mãe, um olho azul pro teu pai... porque se usar o preto... fudeu.
Lembro que coloquei os meus cachorrinhos no desenho da minha família e fiquei com medo de ser levada de lá direto para o hospital João Machado.
Enfim, depois de muitas perguntas pessoais e poucas profissionais: eis que chega a melhor.
- Mariana, qual o seu maior defeito?
Minha vontade era de perguntar se era o meu maior defeito segundo eu mesma ou segundo a bíblia, porque daí seria mais fácil, já que eu não amo o próximo como a mim mesma e nem cumpro o mandamento “Curtirás todo mundo, inclusive os mais chatos”.
Lembro que pensei muito e respondi que era impaciente.
- Hum... Impaciente com quem?
- Com o mundo.
- Como assim com o mundo?
- Com o mundo em geral.
Nesse momento ela encerrou a entrevista e eu saí de lá com uma dúvida: sou louca ou sou normal?
Esse modo de seleção é tão eficaz, mas tão eficaz... que eu fui contratada. Minha árvore, minha casa, minha família, meu animal e meu defeito condiziam perfeitamente com o que a empresa estava buscando. Rs
Duas semanas depois eu pedi demissão. O lugar não tinha nada a ver comigo.
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