Li uma pesquisa que falava sobre como as escolas desestimulam as meninas em relação ao aprendizado da matemática.
Isso é possível? Sim, é possível.
A pesquisa entrevistava professores de matemática e perguntava a eles sobre o rendimento de meninos e meninas diante da temida disciplina.
A resposta de todos era quase sempre a mesma para todas as perguntas.
- Porque fulano tira notas boas em matemática?
- Ah, porque fulano é muito inteligente.
- Porque fulana tira notas boas em matemática?
- Ah, porque fulana é muito esforçada.
- Porque fulano tira notas ruins em matemática?
- Ah, porque fulano é muito preguiçoso.
- Porque fulana tira notas ruins em matemática?
- Ah, tadinha. Ela tem muita dificuldade.
Acreditem! É assim mesmo. Os meninos só não aprendem quando não querem (são preguiçosos), já as meninas, quando aprendem, não são vistas como inteligentes, mas sim como esforçadas.
Aliás, alguém pode retirar do Aurélio essa palavra? “Esforçada” é a pior palavra de todos os tempos. Ela quer dizer, simplesmente, que você é burra, mas tenta tanto que até que consegue. Pobre menina! “Esforçada” não é elogio pra ninguém - é insulto.
E assim vai caminhando a escola: meninos são ruins em português (e tudo bem escrever tudo errado, normal) e meninas não sabem fazer uma regra de três simples. Os cursos de engenharia não estão cheios de homens à toa – eles sabem, desde pequenininhos, que podem aprender matemática, enquanto que as meninas internalizam uma deficiência (inexistente) para o cálculo.
Os meninos, quando crescem e começam a namorar, escrevem um cartão para a namorada. E o que acontece? Decepção. A famosa “decepção-ortográfico-amorosa”. A menina fica chocada com tantos erros de português, já que ela, desde pequenininha, foi cobrada pelos professores e pelos pais a escrever bonitinho, afinal, ela é menina. E meninas são boas em português!
Agora, por gentileza, alguém poderia me dizer quem inventou essa baboseira? Porque eu não consigo compreender a razão disso.
Tanto meninos quanto meninas podem ser bons naquilo que eles desejarem ser. Não saber português porque sabe matemática é como não poder gostar de pêra porque gosta de maça. E vice-versa.
Podemos ser bons em tudo: português, matemática, história, geografia, inglês, física, química... Tudo junto e misturado (como já dizia o filósofo Latino da festa no apê)!
Por isso, meninos: tratem de fazer um curso de português. Ninguém merece um cartão, e-mail, seja lá o que for, cheio de erros de português.
Meninas: tratem de fazer um curso de matemática. Ninguém merece não saber dividir a conta do jantar por quatro e somar com os 10% (malditos 10% que sempre confundem).
Eu penso que se tivesse nascido há 5 anos, com a pedagogia mais desenvolvida e moderna, teria me dado bem com a matemática.
Nós duas poderíamos até sermos boas amigas.
Mari Lima
Ps: Menina-revoltada-que-sabe-matemática, não queira me matar. O mundo é cheio de exceções, apenas generalizamos quando escrevemos.
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