sábado, 18 de junho de 2011

Ricos-pobres e pobres-pobres


Você tem muito dinheiro? Compra tudo o que sente vontade? Já viajou pra quase todos os lugares do mundo? Seu carro parece um avião? Se você respondeu “sim” para todas as perguntas acima, ainda não significa que você é uma pessoa rica.

Esta pergunta é que é crucial:

Quando você é apresentado a alguém e passa um mínimo de tempo conversando, ela saca, de cara, que você é rico?

Se sim, então é porque você faz parte da espécie ricos-pobres, um tanto quanto comum na cidade de Natal.

Eu adoro ouvir falar de viagens, acho até bem interessante. Mas há limites! Os ricos-pobres aproveitam qualquer brecha para falar que eles foram não sei aonde, comeram não sei o quê, foi super caro e blá blá blá. Dá vontade de dizer:

- Amigo, me diga uma coisa, quem perguntou? Vai passar a noite toda contando das suas viagens? Que coisa de pobre! Parece até que viajou usando as milhas economizadas em 10 anos! Seu pobre!

Certas atitudes, certas pessoas, me matam de vergonha! Vergonha alheia mesmo! Aquela vergonha que você teria caso estivesse na pele da outra pessoa.

Porque quando não estão falando de viagens, estão falando sobre carros, roupas...

A espécie ricos-pobres é tão mentalmente pobre, que eles só conseguem falar sobre os seus bens materiais. Nenhum grande feito, apenas dinheiro! Os ricos-pobres só não podem comprar uma única coisa, que certas vezes é essencial: um cérebro.

Rico que é rico não sai por aí contando riqueza. Na maioria das vezes, a gente nem sabe que ele tem tanto dinheiro assim.

E, da mesma forma que o rico, há os pobres-pobres. A espécie pobres-pobres já é pobre, mas ela dá um jeito de empobrecer ainda mais com as suas atitudes.

- Ei, tu tem bônus pra Oi? E pra Tim? E pra Claro? E pra Vivo?

Tem coisa mais pobre que querer usar o bônus do celular alheio? Tudo bem você querer usar esse bônus e falar mais barato. Ok! Mas se acabar os seus, pare de ficar perguntando para os outros se eles têm! Isso é muito pobre!

Dica: se você não tem condições de pagar por um plano que satisfaça as suas necessidades, não tenha celular! Já parou pra pensar que, numa época dessas, você pode não ter condições de ter um celular?

Voltar ao orelhão não é vergonha, meu bem, vergonha é perturbar os outros atrás de bônus pra ligar pra namorada!

E a pobreza não para por aí!

Atenção nessa cena entre duas mães conversando:

- Vou comprar outra geleinha (brinquedo de criança) dessas pra Bruna, a dela já estragou. Foi 5 reais só...

- Cinco??? Menina, vá lá em tal canto que é 4,50!

Oi? Sério que você está fazendo questão por cinquenta centavos? Deu vontade de perguntar:

- Minha senhora, onde você conseguiu esse espírito tão de pobre, hein? Que diferença faz uma geleinha de cinco reais ou quatro e cinqüenta?

Pobre que é rico tem apenas aquilo que pode e faz por onde enriquecer. Já o pobre que é pobre, conta miséria!

Ambas as espécies me dão agonia. Até porque, eu não tenho como ajudá-los. Não tenho cérebro sobrando para emprestar para os ricos-pobres e nem bônus de celular para emprestar para os pobres-pobres. Vou ficar devendo essa. Desculpa, tá?

Mari Lima

Ps1: Antes que você (pessoa que não tem o que fazer) me mande um e-mail, logo aviso que não estou fazendo pouco das pessoas realmente pobres. A mulher da “geleinha” tinha, visivelmente, condições de comprar um brinquedo de cinco reais para a filha. O problema não era o bolso, era o espírito de pobre mesmo.

Ps2: Não tenho nada contra pessoas ricas, o que me irrita não é quantidade de dinheiro, é a “falação” sobre ele.

Um comentário:

  1. A pessoa que acha uma laranja perfeita no meio da rua próximo a um supermercado e quer pegar pra fazer um suco...ela é pobre-pobre ou só econômica?

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